domingo, 26 de setembro de 2010

Medo

Queria saber falar sobre o medo.
Mas do medo eu nada sei, além daquilo que sinto.
Sinto aquela infinita abstinência de atos, palavras, ações; uma abstinência que me faz tremer como um viciado que geme sem a droga.
Sinto falta de viver.
E o medo, cada vez que me toma a alma, faz com que todos os meus pilares caiam.
Me afogo por cima de uma ponte, porque às vezes parece-me somente que toda a terra é mar.
Então o que falar sobre o medo?
Eu vejo nos olhos das pessoas essa insuficiência constante, a vontade de fazer algo, mas ficar relutante, por quê?
O que nos leva a ter vontade de gritar, mas segurar o berro?
Ter vontade de pular, mas cravar os pés no chão?
Ter vontade de abraçar, mas segurar o ato?
Morrer de vontade de beijar, mas selar a boca nos próprios lábios em vão?
Segurar a chave que abre a porta, e ainda assim duvidar que você vá conseguir passar para o outro lado?
O que nos faz vacilar?
O que faz com que não conquistemos os sonhos?
Que não contemos as estrelas?
Que não nos deitemos ao lado de quem amamos?
O coração pede, mas o medo de errar, de ser rejeitado, de rejeitar, de cair, de nunca mais levantar, de se machucar é tanto que congelamos.
E afinal, o que é o medo?
O que é o medo senão a ausência da vivacidade de si mesmo?
O maior medo... O medo de no fundo não se amar, amar a si.
E do que é que se tem medo?
Pessoas, lugares, palavras, atos, olhares, cores, cheiros, bichos, lugares vazios, lugares cheios...?
Eu tenho medo...
Eu morro de medo... E vou me fechando...
E vou deixando o medo preso, sozinho, aqui dentro, para que do lado de fora eu tenha sempre coragem de enfrentar a caminhada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Solte uns gases você também...