quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Segundo

- Eae pegou ela?
Essa foi a primeira pergunta que ouvi ao chegar em casa... Ri meio envergonhado, e fiz questão de responder firmemente:- Cara, já te disse! Não é o tipo de mulher que se pega na primeira noite que eu quero.
As horas que se seguiram foram repletas de filosofias do saco roxo pelas quais eu não me seduzo mais. Era tudo sobre como eu deveria ter tentando beijá-la, como eu deveria ter tentado arrastá-la para um motel qualquer, e ido embora logo após o sexo, todas lições que fizeram parte de meu repertório de baboseiras. Talvez durante o discurso meu sono tenha sido um gatilho para fugir de ouvir as mesmas lamurias de como mulheres são demónios quando querem. Sinceridade mesmo? Não estava disposto a ouvir conselhos cafagestes e agir como se estivese aprendendo sobre mulheres na zona aos 15 anos.
Amadurecera muito nos últimos dois anos, enxergara verdades ocultas sobre atitudes estereótipadas. Somente quem não cresce ao ser flagelado continua agindo dessa forma. Me sentia novo por tudo, pela atitude, pela palavra, pela sobriedade...
Quando temos consciência de nossa representação no papel de ator principal de nossas vidas é fácil saber o que quer. E, eu queria vê-la novamente.
Peguei o celular em um impulso e escrevi as palavras mais sinceras que me vieram a mente: "Nunca te imaginei como vi hoje, obrigado pela noite maravilhosa. Te levo café na cama amanhã para continuarmos a conversa? kkkkk..."
Dormi, e acordei, parecia que a noite havia passado em um segundo. Ao acordar vi a mensagem dela no celular: "Se você quiser morrer cola aqui, meu pai vai adorar te conhecer! Se quiser permanecer vivo, 8h30 na cantina de baixo... It's your choice, live or die(by jigsaw)". Me fez rir a mensagem dela...
Senso de humor talvez seja opcional top de linha em mulheres, rola um comodismo na ala feminina, como se fosse obrigação do homem fazê-la rir a todo momento, bancando palhaço com intenção de seduzir.
Me arrumei apressado e sai. No caminho da cantina sentia minha ansiedade abrandar, e repousar levemente sobre o humor daquela mensagem. Algumas pessoas tem o dom de te colocar em uma posição confortável mesmo sem intimidade suficiente, assim é ela.
Ao chegar de longe a vi sentada, era diferente vê-la durante o dia, profissionalmente, mas agora era capaz de distinguir as camadas daquela mulher. Passei por ela, fingi não ver e fui ao balcão. Quando me notou ela veio rindo em minha direção e perguntou se não havia visto que ela estava ali. Respondi afirmativamente com a cabeça, mas estava procurando Jigsaw pois combinei um encontro com ele por celular ontem. Ela riu. Agora me permito abrir uma nova explanação sobre o fato de risadas: é muito bom fazê-las rir, o ruim é tornar isso parte de uma obrigação a qual precisa ser cumprida como um ritual. Risos verdadeiros alimentam o ego de uma forma estranha quase que uma vaidade intelectual.
De novo reparei nela ao sentar, era linda. Acho que tenho atração por ver mulheres ao se sentarem, um dos estranhos prazeres que reafirmei ao lado dela.
Conversamos sobre o dia que estava iniciando, sobre a noite bem dormida no meu caso, e mal dormida por ela. Pediu-me para que apresentasse o Del, e falou que provavelmente ele teria carecia de mãe. Disse poder me ajudar com ele, fato que se confirmou mais tarde,pois o mesmo fica mais feliz quando estamos os três juntos.
Aqueles 30 minutos foram a melhor parte do dia que seguiria. Em alguns momentos atrevi-me a pegar na mão dela por cima da mesa, e recebi o seu aval ao percebe-la lançar um olhar para as mãos sem afastá-las de mim.
Despedidas são sempre complicadas para mim, não sei direito que fazer, hesito mas parece que por milagre sempre faço o movimento certo. Abracei e beijei seu rosto demoradamente. Me olhou meio espantada e disse: - Esse beijo foi abuso, sabia? Respondi maldosamente: - Se você fizer de volta ficamos empatados! Ela me surpreendeu novamente, acariciou-me o rosto e beijou-me da mesma forma que eu havia beijado. Afastou-se, e me olhou de rabo de olho ao dizer tchau.
Fui flutando ao trabalho exaustivo naquele dia, era ela...

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