domingo, 26 de agosto de 2012

Despedida...

Quando nos despedimos de um amigo sutilmente...
Quando a despedida já foi dada há tempos...
Quando não cabem mais palavras, e tropeçamos nos momentos.

Não duvido do que tivemos de amizade, em local e hora alguma eu disse isso... não coloque sentimentos em meu coração. Também não falo do futuro, ele é incerto e realmente nunca vem. Falo do presente, do reencontro que nunca se deu na verdade. Certas coisas são finitas, e não estou colocando como algo ruim, veja bem... eu disse: "como pessoas necessárias por um tempo, mas não todo ele." porque tudo o que vem vai, é natural, ganhamos e perdemos continuamente porque essa é a vida, viver e morrer, são as dicotomias que nos levam e que nos permeiam durante nossa estadia. é só que eu andei pensando que talvez eu tenha sido alguém que chegou em certo momento e não foi mais a pessoa, a amiga que você precisava, compreende?! não repreendendo algum dos dois, fora disso, mas porque até mesmo a nossa visão de mundo muda, e acabamos vendo facetas das pessoas também que nem sempre gostaríamos de ver, ou que não víamos antes e passamos a ver porque mudamos, como você mesmo disse. Eu sempre fiquei na expectativa, por isso é que pergunto, porque no fundo, ao contrário do que você falou, eu nunca duvidei, e o oposto, sempre acreditei, acreditei na esperança talvez ingênua de que um dia você realmente fosse me ligar e dizer: Lê, estou em Bauru, vamos nos ver?! ou simplesmente mandar notícias.
A amizade nunca muda, acredito muito nisso de retomar como se fosse ontem, é certo. Mas é verdadeiro também que devemos cultivar ...
Não nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, mas somos responsáveis por cativar aquilo que queremos eternamente.
Com carinho saudoso...

domingo, 19 de agosto de 2012

Timidez

Sobre lábios e timidez talvez eu entenda mais do que a maioria das pessoas.
Pode ser que a minha, a sua, o meu, o seu, sejam propriedades apenas transitórias.
Talvez seja essa a beleza do não estabelecido, das palavras que ficam sufocadas como ar. São todas transitórias.
É assim mesmo, a gente leva na brincadeira, faz piada do sentimento para não levar a sério.
E enquanto brinca deixa a mostra uma coisa, esconde outra. Faz pouco daquilo que comove, torna-se forte naquilo que é fraco.
Pode ser assim?
Pode sim.
Quando você entende que jeito certo não há, pode ser de qualquer jeito. Desde que ande para frente.
Então a timidez se desfaz aos poucos, e deixa falar algo de dentro.
Até que os lábios se encontram...


Mudança

Você tá de mudança!
Tá indo embora, partindo.
Tudo era questão de deixar, você me deixou, eu não deixei.
Então eu deixei.
E aí?
Sobra o que?
Como ficamos?
Não ficamos, não desta vez.
Nunca mais...

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

..idade..


É engraçado.
A vida vai passando e a gente vai se lembrando de quem já conheceu.
Às vezes bate aquela saudade, às vezes parece que nunca foi uma amizade...
A vida é engraçada. E ela tira sarro com a nossa cara.
Tem horas que tudo parece mínimo para mim. Tem horas em que o mínimo não parece só detalhe. Parece coisa grande, aquele amor que passou e deixou certa saudade. Ou um amigo que se foi sem mais nem menos, e hoje a conversa não sai na espontaneidade. Sabe como é, as pessoas mudam. E mudam?
O futuro dá medo em mim. Traz ares de renovação e de novidade. E se tudo sair errado, e se eu me der mal, e se...?
O futuro é tão distante e cheio de impossibilidades.
Eu sinto falta.
Sinto saudades de certas pessoas que hoje já não me cercam. Porém essas são as que eu menos procuro, porque talvez se não me cercam é para o melhor, é porque não tinha que ser.
Conformismo. Ou maturidade. Não importa qual a opinião geral.
Estou farta de insanidades.
Quero a vida completa dentro de mim.
E eu choro, porque me encho de momentos divinos. Momentos alguns que eu sei que é despedida, ainda que o outro não saiba.
Dai fica um conselho ou outro, uma última palavra querida.
Nem tudo precisa terminar em mesquinharia e atrocidades.
Canibalismo, a gente aprende a engolir a própria língua para não morder os outros com nossa auto-piedade. A gente aprende a não comer os outros para nossa própria saciedade.
A gente aprende a digerir.
E simplesmente ficar feliz por estar em outro estado de felicidade.
Mas isso é só um desabafo de quem perdeu um dom, mas aprendeu (aprendeu?) algo com a vinda de uma melhor idade.

sábado, 4 de agosto de 2012

Cafés...

Milla está encostada no beiral da sacada.
Lá há espaço somente para no máximo três almas.
Beiral frio e estreito, cheio de falhas. Pintura desgastada. Ela cai de acordo com as folhas outonais.
E tudo no chão é vermelho.
A cidade dali de cima parece cinza. Madeira que perde a cor. Vitalidade que se vai.
Milla chegou faz 2 anos, mas não se adaptou.
O jardim do vizinho parece tão macio. O verde do outro é sempre mais visível.
A xícara de café lhe faz companhia. Não há nada na geladeira que sirva como parceria. Estão a sós. O degustar é para ela, o café não se importa. Ou ao menos não parece esquentar.
O clima é frio, a temperatura cai, tudo esfria.
Milla é sozinha. No apartamento caberia mais uns cinco, porém ela gosta de privacidade, prefere a solidão de quem escolhe dormir na cama vazia.
Calafrio. É um vulto. Vulto do falecido que já se foi. Levou as cobertas, Milla tem aquecedor.
E na rua as folhas vermelhas, um pouco de café derramado... Ela quem entornou.
Queria ver se dava para enxergar chegar ao solo. Mas o caminho é mais longo que sua visão.
Talvez houvesse um jeito de acompanhar.
Uma máquina para aproximar a colisão.
Milla vai até a mesa na sala, deixa lá o resto de café - há algumas manchas novas em seu sofá.
Volta para o beiral. Encosta.
Olha para o céu e aposta...
Não levaria 30 segundos para tocar o chão.
Fecha os olhos e conta...
E se lembra...
...É sempre eternidade quando tudo o mais é escuridão.

Ia...

Ela queria ser alegre, dessas pessoas que são alegres o tempo todo.
E explodir balões, e assoprar bolhas de sabão.
Correr pela grama brincando de pega-pega.
Pique-esconde por detrás da cristaleira.
Queria quebrar todos os copos e rir do barulho agudo de tudo virando pó.
Ela desejava ter um sorriso na face e ser o tempo todo sorridente.
Tipo uma palhaça que guarda a amargura e não chora por nada.
Queria fazer cosquinhas e sempre ser engraçada.
Queria fazer dar risada a qualquer momento.
Queria ver a vida com a leveza de quem não sofreu desgraça.
Ela desejava ir pra praia e ver um show na areia.
Fazer amor na orla.
Ter uma pedra chamada Franccesca.
Desejava possuir uma banheira com pétalas de rosas dentro.
Uma champanhe aberta na faca.
Queria saber uma luta e massagens afrodisíacas.
Aprender a fazer sobremesas.
Queria aprender cordiais palavras.
Não brigar por qualquer coisa.
Ver em tudo folia.
Ela queria, como queria
cantar músicas desafinadas.
Não ter medo de nada.
Ter o equilíbrio de uma formiga.
Ela queria ter a paciência de um oriental.
A calmaria de uma lagoa.
A força de uma elefoa.
Ela queria ser gente normal.
Mas não podia...
Porque ela era Letícia.
E a Letícia sou diferente de tudo isso.........

Paty.

Paty nem sempre fora a mais bonita do local. Mas quando cresceu, aproveitou todos os carnavais de sua vida.
Era o tipo de moça comportada, santa que senta e olha sem dizer uma palavra. Só mexendo o canudo com a boca, despejando saliva por toda a borda dos lábios avermelhados.
Carnudos beiços, Paty sabia como comê-los em pedaços, mordiscando os cantos como quem oferece sem revelar o verdadeiro gosto.
Gozo, era o que todos sentiam ao vê-la.
Bunda redonda, nem era tão empinada, mas daquelas que cabem bem fora de um fio dental. Fora porque o fio entrava todinho, claro que para isso era necessário aquele puxãozinho - de leve.
Quando fazia sexo era sempre de quatro, não gostava de ver a cara dos homens nem ser beijada por alguém por quem não sentia nada. Era a contradição em carne e pecado - uma verdadeira safada.
Morena queimada de sol e mormaço. Uma pequena, cabia inteira quase na palma da mão.
Mamilos pretos, duros, finos, de peito liso, arrebitado. Seios ideais, não grandes, porém fartos.
Com mulheres gostava de chupar, lambia-as todas como se fosse produzir mel com a própria boca.
Uma abelha com ferrões no olhar, ela podia matar qualquer um com aquelas piscadas.
Dizem que certa vez um infartou. Outro teve que ser internado em estado de loucura.
Tudo histórias, uma mistura de ficção e álcool.
Ou vai ver realidade e fatos... Ninguém tem uma prova de qualquer contrário.
De toalha fez uma garota jurar amá-la. As duas se comeram no gramado até o sol se pôr. Foi o sexo mais natural de sua vida.
Com homens era mais bruta.
Gostava também de anal. Mas não dava aos machos o prazer daquela entrada, ela sabia que era sempre um prazer ver sua cara de dor. Aquele local era mais caro, tinha que ser pago com amor - depósito adiantado!
Aos desavisados, Paty hoje é casada, mudou o corte de cabelo e a cor.
Dizem que um ou outro ainda a vê sair sem calcinha.
Dizem... Com Paty as histórias sempre foram em grande parte boatos que ela mesma inventou.