quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Costura-me!

Costura-me as bordas porque estou a vazar todo o suor pelos poros da pele pela vontade de prender-me nas pernas tuas como uma devoradora de sonhos que olha dentro dos olhos e retira a retina com os lábios sem perfurar e sem te deixar cair apenas para cobrir a fome minha de ter-te por sobre meu ser me segurando quase como em dor ao me sentir ser tua na paralisia das horas móveis que teimam em passar e não nos deixar deitar nos cetins escuros de sua sala de espelhos escura que é apenas um reflexo das reflexões dúbias que causas nas psicologias minhas ao tocar-me com volúpia sem corromper ainda assim as vontades intrínsecas saciando meu desejo de colocar-me no topo da pirâmide tua e ser devorada como presa por sob um sol de deserto egípcio sendo Frida Khalo com seu sapo causador de dúvidas por amar tantas outras musas causando todos os dias febres nas intimidades úmidas de ambos os corpos.
Vem arrumar-me na cama tua como um lençol amassado pela manhã que começa ao sentir o peso de teu corpo por deitares e se estirares e se espreguiçares e me tateares por todas as noites incorruptíveis de amores nossos que nem mesmo aconteceram por não prestares atenção nos sinais das mãos minhas que te apertam e te afundam a pele para que fiques como as sinas minhas de desdobrar pensamentos contrários em tentativas de fugas contra a pessoa tua que me tortura sem o menor pudor e repudia durante as horas móveis já descritas e lentamente tictateadas no relógio da vida que teima em nos aproximar e distanciar com a mesma fome de um canibal que faz que vai me degustar todos os pedaços através de todos os contornos e embaraços sem nem mesmo colocar a boca nas costuras minhas que peço para que costures de volta e me devolva os pensamentos lascivos das horas que passei sob tortura tua.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Demais para mim...

Hoje resolvi almoçar no Subway... Precisava de algo diferente. Cheguei, enfrentei o balcão lotado, sentei no fundo do lugar para comer em paz. Quando olhei para o outro lado vi um mulequinho de uns 7 ou 8 anos passando de mesa em mesa pedindo provavelmente uns centavos. De longe já dava pra ver que ele não duraria muito como pedinte ali dentro, suas vestes e seu rostinho meio encardido de terra denunciavam, contavam aos olhos expectadores suas intenções ali dentro. Mesmo assim ele prosseguiu de mesa em mesa até chegar na que eu estava sentado...
- Tio, tem moeda?
- É pra comprar lanche?
- Não...
- Ué, pra que então?
- Pra comer.
- Mas comer o que?
- Ah tio, marmitex.
Eu gelei na hora pela estupidez da pergunta. Era meio óbvio que provavelmente toda a grana que ele juntaria não daria pra comprar um lanche ali...
- Mas vc tá com vontade de comer lanche?
- To. Vc vai me dar o seu, tio?
- Não, né. To comendo, fio..(risos)
- E a moeda, tem?
- Tenho, mas vem aqui...
Levantei, fui para o balcão(que dessa vez estava vazio, graças a Deus!), e ele veio me seguindo...
- Escolhe ai o que vc quer!
- Pode?
- Pode..(risos).
Nisso a mocinha do Subway fez uma cara de enjoada, mas ele pareceu não estar muito preocupado com a cara dela. Pediu o lanche com tudo que tinha direito, e uma coca. Voltei pra mesa, e não esperava por isso, mas ele veio atrás de mim, correndo com a bandeja na mão, equilibrando o lanche e a coca.
Sentei na mesa, e ele sentou na minha frente. Enquanto terminava de comer, ele tentava furar a tampa da coca com o canudo... Ajudei ele, e ele começou a comer... Ficou calado por uns 5 minutos só comendo(acho que ele usou o tempo para bolar o diálogo a seguir), olhou pra mim e disparou:
- Tio, vc é casado?
- (Risos, muitos dessa vez) Sou não...
- Vai casar?
- Um dia..
- Vai ter filho?
- Acho que sim..
- Droga...
- Droga porque?
- Ah, vc já vai ter filho...
Confesso, nessa hora o muleque fez a minha espinha gelar pela segunda vez... Infelizmente, dessa vez eu não podia consertar nada, nem pagar um lanche para aliviar a minha consciência. Sabia da minha total incapacidade, então me confortei por saber que naquele momento tinha feito o que estava ao meu alcance..
Terminei de comer com um baita nó na garganta, me despedi, e deixei ele enfrentando o lanche monstruoso.
Eu to bem longe de ser um cara bonzinho, super correto, mas de alguma forma algo me deixa tranquilo em relação a esse tipo de coisa... Sei que não posso resolver o problema do mundo, é demais para mim, mas eu não me omito dentro das minhas possibilidades de ajudar...
Não consigo ver uma criança passando fome, ou vontade de comer alguma coisa, não consigo ver um deficiente mental jogado na rua sendo quase atropelado por carros, não consigo ver alguém passando mal e ignorar, não consigo... Isso tudo também é demais para eu aceitar...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bom o bastante

- Tem certeza?
- Tenho.
- Como tão rápido?
- Fiz o que tinha que fazer. Me sinto pronto agora para isso....
- To com medo, é sério. Não quero machucar o que eu to sentindo não.
- Eu precisava disso, pra tirar da caixa das coisas mal resolvidas, e colocar nas resolvidas. Cortei o fio de esperança que ligava a mente e o coração, c'est fini!
- Só não me faz sofrer não, tá?
- Não pretendo...
- Jura?
- Não. Se eu jurar estou transferindo o peso da sua insegurança para as minhas atitudes, assim eu carrego ambos. Se vc ficar insegura e eu carregar o peso das minhas atitudes ficamos igualitários.
- Entendi...
- Só o que posso te dizer é vou fazer o meu melhor sempre pra não te machucar, pra ser bom com vc, pra realizar os seus desejos, e pra que vc seja a única.  É bom o bastante?
- É perfeito...

Fantasma...

Certa vez, um aluno de um curso de auto-hipnose, consultou-me sobre um problema muito grave que precisava solucionar e de forma urgente: Tinha 35 anos e iria se casar nos próximos 15 dias – se bem que qualquer casamento já é um problema, este não era o caso. O que acontecia era que o aluno tinha enurese noturna (fazia xixi na cama) sem controle. Ao perguntar-lhe se conhecia a origem do problema, ele respondeu: “Não sei!”
Colocado sob transe hipnótico, ele relata que logo que dorme tem um sonho, onde aparece um fantasma (que seria a imaginação) que lhe fala: “Oi!” O aluno responde com a voz trêmula: “O..Oi…”. O fantasma pergunta novamente: “Tudo bem?” e ele “tu…tu…tudo”; “Já fez xixi?” pergunta o fantasma. E o noivo, apavorado: “Ahhh!…” e urinava na cama.
Sabendo que o problema estava no fantasma (imaginação), ensinei-lhe que a solução era questionar as perguntas da imaginação. Assim, toda vez que o fantasma dissese “Oi” ele responderia: “Oi!” com determinação e segurança. “Tudo bem?” e ele: “Tudo!”, e finalmente na terceira pergunta: “Já fez xixi?” a resposta seria: “Já!”
Isso foi treinado durante um dia todo sob hipnose:
- Oi - Oi!
- Tudo bem? - Tudo!
- Já fez xixi? - Já
Assim, quando fosse dormir, teria automatizado as respostas para poder atingir o efeito desejado. As ordens afirmativas e positivas “implantadas” sob o efeito da hipnose, o levaram a deitar-se com uma expectativa de provar sua capacidade de auto-afirmação e confiança, anulando a presença do fantasma de seu sonho. Logo que dorme, quando sua imaginação através do fantasma, diz:
- Oi.
- Oi! (Começou respondendo firme e seguro)
- Tudo bem?
- Tudo!
- Já fez xixi?
- Já!?
E o fantasma:
- E cocô?
- Cocô??? Ahhh… ! prumbrrrrrrrr…

Como vemos, a imaginação (nossos fantasmas) sempre está um passo à frente.
Se seu jogo interior é flexível e tem jogo de cintura, a resposta seria:
- “Cocô? também!!!”
Portanto, jogue pensando como o faz o fantasma, ficando sempre um passo à frente.

Fabio Puentes em “Auto Hipnose – Manual do Usuário”

O sorveteiro - Lê & Du

Certa vez, numa quinta, depois de sair fedendo a cadáver da aula de necropsia, a galera resolveu ir lá na Glaciel tomar aquele sorvete ‘da hora’. Glaciel era o nome da sorveteria, Ricardo era o nome do sorveteiro, aquele lá, vou te contar, eu ficaria!
Ricardo sempre atraiu minha atenção, acho que tinha um tesão ao ver os músculos dele se contraindo nos braços e peitorais na tentativa de tirar as bolas de sorvete do pote. Eu sempre escolhia os que pareciam estar mais congelados para que o meu prazer fosse de mais uns segundinhos.
Claro que ele não era só músculo. Com o tempo passei a ir lá só jogar papo fora, assim que dava o intervalo de aula lá estava ele me esperando pra gente conversar. Ele sempre foi super atencioso, mas eu nunca soube se realmente me dava bola - aquela outra além da de sorvete...
Fiquei intrigada durante vários encontros, acho que a única bola q ele me dava era de sorvete afinal. Mas o que me fazia pensar que estava dando mole eram as piscadinhas ocasionais. Até o dia que o filho do dono da sorveteria nos viu conversando... Coitado do Ricardo...
A primeira coisa que o cara fez foi nos zoar, claro! "Ta namorando, ta namorando" aquela coisa típica de retardado! Por isso que eu detesto moleque da minha idade, ainda é tudo sem cérebro. Ricardinho manteve a compostura, não tivemos que responder nada, mas claro que o dono passou a nos vigiar mais de perto com medo do pouco trabalho do Ricardo, até que ele percebeu que eu comprava sorvete todo dia e isso me tornava uma cliente especial!
Devido à forma como eu era vista, o dono da sorveteria colocou Ricardo diariamente pra me atender sempre que fosse. Seu filho ficou revoltado, rapaz estranho aquele, vivia sempre perto de Ricardo, mas agora evitava até entrar na sorveteria.
Logo eu tinha meu sorveteiro personal! E o filho do dono nunca mais apareceu. Deve ter ido cuidar da dor de cotovelo dele. Eu só me importava mesmo era com a dor de ver aquele cara chegar tão perto de mim e ainda assim eu não poder beijar. Essa coisa toda de gostar pode se tornar e sempre se torna um problema...
E sempre que eu penso em problemas, eles aparecem. Depois de uma semana o sorveteiro apareceu com uma aliança gigante no dedo da mão direita.
Minha reação não foi outra senão perguntar logo de cara: "Casou de madrugada?" Ele me olhou espantado: "Claro que não..." E ficou lá com cara de quem não tava entendendo nada. "Encontrou a mulher ideal?" falei, "Mulher ideal é a que existe na idéia, impossível encontrá-la! Mas você está bem perto dela!". “Bem perto quanto?” retruquei, “Sei lá, só sei que está perto.” Falou.
Os quilos de sorvete que eu ganhei por ele me renderem somente um BEM PERTO?
Mas tudo bem, eu entendia, claro que ele não ia entregar o ouro assim fácil... Comentei que o chuveiro de casa estava quebrado e que precisava de um novo. Adivinha? Ele se ofereceu pra ajudar. Bom do Ricardo era isso, ajudava em tudo, Tudo mesmo. Será que tudo? O importante é que depois fomos comprar o chuveiro.
Compramos um muito bom numa lojinha de eletrônicos e fomos para casa, chegando lá o levei ao banheiro e fui colocar algo mais confortável, um baby-doll rosinha, nada curto, mas provocativo de leve. E mesmo com aquela roupa total sexy ele montou o chuveiro, tomou um copo de água, olhou o relógio e foi embora, assim, sem nem dizer nada.
Depois disso eu nunca mais voltei na sorveteria, alguns amigos meus me disseram que ele perguntava por mim.
A verdade é que eu fui lerda porque um amigo dele veio me contar esses dias que naquela época ele gostava de mim sim e que naquele dia ele foi embora rápido porque tinha que buscar a irmã na rodoviária.
Hoje ele tem namorada...
E eu... Eu continuo solteira.

Um drink fatal

Convidei-a para tomar um drink. Disse-lhe que pusesse todos os seus atrativos na bolsa, pois aquela noite prometeria. Iria despi-la.
Acredito que ela foi achando que ia tirar-lhe a roupa com um golpe só, rasgar a calcinha e por ai adentraria seu corpo...
Meu plano era diferente, conhece-la.
Sentei no bar e pedi duas caipirinhas, uma de limão e uma de uva, além de uma dose de Red Label...
Logo que ela chegou de saia curta, imaginei o que poderia estar por debaixo. Mas tenho pensanemto treniado, dei a ordem pro little duds se acalmar, e acalmou.. Meu objetivo era outro.
Comecei logo servir a primeira caipirinha de uva... E engatei no primeiro papo da noite, sobre beleza! Ela disse-me que não se acha linda, que por isso sua auto-estima era baixa. Tudo caminhou seguindo o rumo da conversa que ela havia ouvido do cirurgião que iria trazer de volta sua auto-estima. Meche no nariz, põe seio, e tá resolvido o primeiro problema! Eu muito safo já saquei que nesse drink vai uma pitada de narcisismo e egocentrismo.
Chegou outra caipirinha na mesa, agora uma de Kiwi..Ela deu uma golada, eu dei outra.... Muito boa.. Nisso o papo rola pras festas que ela curti ir, vai em todas que a grana dá! São mto boas as festas, o pessoal sociavel alcoolizado, território de ninguém... Liberdade, desprendida dos sentimentos, até fria ela se disse. ]á esperto saquei pitada da futilidade.
Mandei descer mais uma caipora, tava quase tudo ali na minha mão pra que eu pudesse fazer o drink! Dessa vez veio uma de morango... Ela virou num gole. Fiquei pasmo. Continuamos o assunto sobre pessoas, e ela foi me mostrando que odeia os que invadem o espaço dela, que ela não quer escutar o que os outros tem a dizer, que não tem necessidade de afeto, beijo, sexo. A pitada de frieza pulou em meu colo nesse momento...
E por fim ela mesmo se antecipou e pediu um dry martini. Ao degustá-lo já com os olhos no meio fio, disse-me que curtia deixar os homens aproximarem seus sentimentos dela, para que ela pudesse erguer seu ego e tirar prazer da miséria dos seduzidos. O último ingrediente, o sadismo!
Ela debruçou-se na mesa do bar, como se tivesse colocado pro mundo externo tudo que a preencheu durante toda a sua vida, exceto sua dor, pois essa era presa até o último suspiro.
Era minha vez, preparei meu drink. Coloquei um licor de base, uma pitada de rum, e comecei a socar os ingredientes um a um. Primeiro o Narcisismo...bixo duro, demorou pra moer no liquidificador. Depois a frieza, coloquei a inteira na coqueteleira, acho q se desfaz a temperatura ambiente. Peguei a futlidade e taquei direto no drink pra que suas formas pudessem enfeitá-lo. E por ultimo triturei uma espécia de pedra que chora um leite vermelho, era o  Sadismo. Parecia sangue, mas coloquei dentro do drink mesmo assim....
Ficou lindo, uma obra de arte..
Enfim degustaria aquela mulher! Tomei coragem e tomei em um gole repentino...
Quase morri, era o pior gosto de mulher já sentido. Chamei um táxi, mandei-a embora...
Para degustar uma mulher por fora, deve-se degustar por dentro. A comida de fora te manterá vivo e com tesão. Mas o drink de dentro te fará ser um verdadeiro homem para aquela mulher. Quando o drink é ruim, as consequencias ficam no estômago de quem toma...
Portanto o drink que o interior de alguém pode te oferecer tornar-se-á um santo remédio, ou o pior dos venenos. Antes de conhecer a carne, tome um pouco do drink, vai te prevenir de comer carne estragada, o que dá uma baita diarréia...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Love Emily!

Vamos fazer uma viagem com uma das minhas personagens preferidas...
Acho que ela poderia ser amiga da Menina do Vestido Branco.


domingo, 26 de setembro de 2010

Solidão e Amor

Que memórias são essas que teimam em ficar quando tudo o mais já se foi?
A solidão...
Todos esses filmes em que se encontra a pessoa certa, os amigos certos, a cidade certa para então morrer em paz... O que é isso que andam pregando?
Porque de todos que eu conheço, ninguém anda caminhando em paz.
Por que temos essa necessidade de ter outro ao lado?
Será um prazer mundano que nos cega do nosso real propósito ou será o compartilhar, veja bem, Compartilhar da felicidade o que realmente dá sentido à vida?
Sempre encontrei os amigos que precisava. Será que isso me bastava?
Essa história de termos pessoas erradas, não há oportunidades erradas, desde que se saiba evoluir. Lição básica!
Mas afinal, e aquelas pessoas que não acrescentam nada? Será que somos nós quem não vemos o que elas têm a oferecer?
Quantas oportunidades de união são perdidas?
Cem anos de solidão, uma vida para regredir sozinho...
Queria poder ser como monges que não sentem a falta de amor de um único outro por sentir amor pelo mundo.
Até onde o amor é subjetivo ou de fato imensos laços tangíveis?
Quanta falta faz a mão do outro por sobre nosso peito ao dormir?
Alguém pra quem olhar e somente sorrir... Alguém só com quem compartilhar...
Vitórias, sorrisos, lágrimas, medos, fracassos, viagens...
De que adianta ter um mundo inteiro para ver se não há para quem mostrar?
Solidão, a coisa que nos faz questionar até onde somos auto-suficientes.
Deus fez Eva para Adão...
Mas acreditar que iremos encontrar a outra metade lá na eternidade é longe demais, tempo demais para se esperar.
Eu comeria minha maçã apenas para poder ver o outro...
E então poder conhecer cada pedaço de seu corpo como se fosse a primeira vez.
Como se ter saudade de algo que não pode ser saudoso?
E quanto mais o tempo passa mais nos agarramos aos amores do passado. Por quê? Pra quê?
O maior mal da solidão é quando temos alguém na frente, mas estamos tão cabisbaixos que já não conseguimos ver... Nem mesmo cremos que alguém seja capaz de nos querer.
Gostar de quem gosta da gente. Gostar de quem gosta de você...
Amar-se primeiro... Amar o próximo como a ti mesmo...
Será que tudo isso realmente basta?
Eu sempre me questionei até onde eu me bastava... E o que cresce aqui dentro é somente a saudade de alguém que nunca esteve ao meu lado.
E ai dizem para se olhar no espelho e falar para si mesmo "Eu sou lindo, eu me amo!", e aqueles que fazem isso encontraram alguém com quem compartilhar as palavras?
No final das contas o que conta nem mesmo são as falhas - os defeitos que afastam ou aproximam o outro -, mas sim a capacidade de encontrar alguém igual a gente.
Às vezes tudo o que a gente precisa é de alguém pra mostrar que ficar sozinho simplesmente não vale a pena, não vale nada.
Encontrar alguém que tenha a disposição de também nos olhar nos olhos todos os dias e nos ajudar a lembrar, com respeito, do que somos capazes e do que somos feitos...
...Amor...

Medo

Queria saber falar sobre o medo.
Mas do medo eu nada sei, além daquilo que sinto.
Sinto aquela infinita abstinência de atos, palavras, ações; uma abstinência que me faz tremer como um viciado que geme sem a droga.
Sinto falta de viver.
E o medo, cada vez que me toma a alma, faz com que todos os meus pilares caiam.
Me afogo por cima de uma ponte, porque às vezes parece-me somente que toda a terra é mar.
Então o que falar sobre o medo?
Eu vejo nos olhos das pessoas essa insuficiência constante, a vontade de fazer algo, mas ficar relutante, por quê?
O que nos leva a ter vontade de gritar, mas segurar o berro?
Ter vontade de pular, mas cravar os pés no chão?
Ter vontade de abraçar, mas segurar o ato?
Morrer de vontade de beijar, mas selar a boca nos próprios lábios em vão?
Segurar a chave que abre a porta, e ainda assim duvidar que você vá conseguir passar para o outro lado?
O que nos faz vacilar?
O que faz com que não conquistemos os sonhos?
Que não contemos as estrelas?
Que não nos deitemos ao lado de quem amamos?
O coração pede, mas o medo de errar, de ser rejeitado, de rejeitar, de cair, de nunca mais levantar, de se machucar é tanto que congelamos.
E afinal, o que é o medo?
O que é o medo senão a ausência da vivacidade de si mesmo?
O maior medo... O medo de no fundo não se amar, amar a si.
E do que é que se tem medo?
Pessoas, lugares, palavras, atos, olhares, cores, cheiros, bichos, lugares vazios, lugares cheios...?
Eu tenho medo...
Eu morro de medo... E vou me fechando...
E vou deixando o medo preso, sozinho, aqui dentro, para que do lado de fora eu tenha sempre coragem de enfrentar a caminhada.

Gente apaixonada

Não suporto pessoas apaixonadas.
Não sério, alguém vai querer defender falando que é bonitinho, que é fofinho aquela coisa toda e tal. Mas não to nem ai. Odeio mesmo e ponto final!
As pessoas mais sensatas do planeta ficam retardadas quando estão apaixonadas.
Muitas vezes não precisam nem da paixonite, só o estar afim já é o suficiente para mexer com as atividades cerebrais tão bem estruturadas da pessoa.
Olha só uma amiga minha... Menina culta, educada, racional (!), profunda, devoradora de livros, adora jornais (tinha uma coluna em um, aliás), só ouvia música boa, tinha ótimo apetite (adorava massas), fazia academia uma hora todo dia, estudava japonês (é a sexta língua que ela fala), tocava sax, piano, baixo, violão e harpa (acho que também sabia banjo), enfim... Eu poderia passar o dia descrevendo todas as coisas que essa garota já fez.
Viajou pelo mundo, conheceu o sabor de todas as nacionalidades, mas nunca namorou ninguém. Ela mesma dizia “Se apaixonar, gostar, essas coisas de ficar afim não são comigo não, to fora!”, durante uma época repetia que ia ser freira, o único problema é que ela sempre arranjava confusão durante a missa. “Padre ladrão” ela gritava.
Só sei que sempre foi uma menina direita até o Robertinho chegar.
Menino quieto, na dele, 12 anos mais velho (“Um bebê” dizia ela), família tradicional japonesa (sim, era o professor dela na época), uma beleza – o genro que toda mãe queria!
Renata se apaixonou antes mesmo das aulas começarem, ela viu uma foto dele no jornal pendurada no mural da escola e ficou encantada. Por acaso acabou conhecendo porque seu outro professor voltou para o Japão.
Depois de algum tempo Renata passou a fazer umas coisas estranhas.
Pintou o cabelo de preto, parou de sair, só se vestia de branco, passou a ser vegetariana e só falava sobre o Robertinho.
Ela ficou toda obcecada, era ‘ele isso, ele aquilo’, ficava tentando descobrir se ele também gostava. Mas a frieza era tanta que não dava pra saber se ele correspondia.
Renata ficou alucinada depois do quarto mês sem saber o que o cara queria.
Eles eram ótimos amigos, aliás, mas quando foi por meados de maio ela pirou de vez.
Raspou o cabelo, jogou sua harpa fora, doou todos os livros, passou a comer só germinados, parou de falar e ficou lá, parecendo planta.
Ela era tão cheia de vida.
Ah! Robertinho casou com ela, sim, pediu em casamento depois de namorar alguns meses. Falou que ela era a menina certa pra ele.
Renatinha era tão vívida, e depois dizem que os apaixonados é que são repletos de alegria. Nunca mais a vi sorrir...
Renatinha agora só sabe parir filhos, dizem que o sétimo está por vir.
Hoje tenho medo de gente apaixonada. Com exceção do Adalberto, que eu não sei se está gostando ou não. Eu mesma não me apaixono, mas bem que ele poderia estar afim de mim, será que está? Odeio enrolação.
E também de que importa, eu nem gosto dele. Não gosto, não. Não... Não gosto... Não...

Beatriz

Aqueles olhos devoram-no como se fossem parte de uma fera. Tristeza no olhar geralmente vem seguida de apatia, mas essa era diferente.
Assim era Beatriz, distinta das demais, talvez por sua história, mas não pelo seu presente. Fora diferente desde o começo, nascida em uma família boa, Beatriz descobriu logo cedo que mesmo em famílias com pessoas de bom coração os problemas coexistem. Os problemas familiares vieram, ela sobreviveu apesar de fraquejar em certos momentos confortou-se em Deus, conheceu um rapaz, conheceu sua família, fez parte da mesma. Bia seguiu sua trajetória como um cometa ascendente, tornou-se mais forte apesar da insistente tristeza no olhar, mas nada a completava, sentia faltar alguma peça, algo ali descolara dela tão precocemente que ela não era capaz de achar. Apesar de trabalhar nas obras de Deus em sua cidade, de namorar um rapaz bom, algo ali não bastava... Bia precisava de mais, estava certa quanto a isso...
Resolveu ir embora, partiu rumo ao desconhecido... Sofreu muito as dores da partida, como quem sofre ao perder o último lastro com infância, e aprendeu a conviver com saudosismo. Tornou-se dona de suas atitudes, embora não conseguisse realizar suas vontades por meio dessas.
Ao chegar no destino conheceu novas pessoas, começou nova vida, deixando a antiga para trás junto com parte de si mesma. Embora Bia fosse madura no lugar de onde viera, se descobriu fraca perante aos desafios do mundo. E na fraqueza sua amizade se criou, ao conhecer Aninha, uma pessoa maravilhosa. Rapidamente Ana se tornou a família para Bia, que agora descobria uma família sem problemas. Quão maravilhosa descoberta, agora dividiam somente a bonança, poucos momentos de tristeza vinham, e se vinham eram sussurados entre festinhas e moços bacanas. Era possível então ter família sem coexistencia de problemas, pensara se sortuda pela primeira vez...
No novo mundo conheceu um rapaz... Tudo mudou, Bia resolveu que se entregaria, que agora teria a necessidade de formar sua própria família. Apaixonou-se, namorou, aprendeu a conviver com os defeitos dele, a medida que ele se adaptava aos dela. Rapaz apaixonado, dedicado, amoroso, cuidava dela diariamente mesmo de longe, ela sentia como se algo tivesse a preenchido pela primeira vez, seria Amor?
Como nem tudo eram flores na vida de Bia, o veneno do espinho da flor mais próxima ressentiu-se pelo relacionamento alheio. Pequenas frases, comentários inocentes, histórias contadas sobre pontos de vistas, atitudes relatadas por terceiros, todo o tipo de encenação foram tecidas pela língua ferina de Aninha. Aquela amiga, boa moça, jamais se prestaria ao papel de mentir, coisa que ela dizia todos abominar. A verdade era que Aninha desde cedo aprendera a mentir e dissimular, fizera isso sua vida toda, com namoradinhos, com os pais, com as amiguinhas, e assim tornou-se mestre em sorrir e conseguir destilar um veninho ocasional. Tudo era tão novo pra Bia, que cheia de inseguranças tornou o rapaz seu mais novo saco de pancadas, descontou-lhe os anos de pesar, os desafetos familiares, os desafetos dele próprio... Fez lhe perder os culhões pelo caminho. Não fora culpa dela somente, a paixão do rapaz o cegara.
Com tantas pedras no caminho o relacionamento se findou. O rapaz seguiu seu caminho, e Bia continuo a trilhar o seu. Bia aprendeu a se misturar, a fazer parte do consenso. Com o auxilio de suas flores aprendeu a tapar os buraquinhos que persistiam através da mais pura vaidade. Encheu-se de orgulho, era bela do que mais precisaria agora? Era desejada, do que mais precisaria agora? Era boa de coração, do que mais precisaria agora?
De fato Bia tinha todas essas qualidades... Os anos, como nunca tardam, se passaram. Aninha vitimou um piá, colocou-o em sua rede de intrigas, e descolou um casamento... Já Bia, via sua beleza esvair-se, seu conteúdo tornar-se superficial pelos anos dedicados ao fútil, via o desejo nos olhos masculinos se reduzirem a poeira devido a presença de novinhas, e finalmente se viu amargar os anos de companhia dedicados a amiga. Sabia que Aninha era dissimuladora, mas mesmo assim, que mal teria em estar perto de alguém assim se ela não a agredisse? Bia foi deixada para trás! Como queria ela ter antevisto o futuro...
Bia ainda tinha fé, fora tudo que restara, depois do abandono. Não que fosse pouco, mas também não era o suficiente... Ao olhar para trás viu a cidade que abandonou, o bom moço que deixou, as oportunidades que perdeu por permanecer a sombra de outra pessoa durante a vida. Nada do que tinha feito até então satisfizera suas vontades, talvez por nunca ter sabido quais eram as mesmas... Não aprendera andar por si só, ao crescer tornou-se simbiota de outro alguém, como se fossem parte de um ser único. Toda parceria onde alguém não tem personalidade definida torna-se destrutiva aquele mais fraco. Assim foi com ela até o fim dos dias, aprendeu a se contentar com sombras, não por não poder brilhar a luz do sol, mas sim pelo medo de se queimar ao sair sem protetor.
Acho que foi isso que fez os olhinhos tristes dela se tornarem menos apáticos e mais devoradores... Era a necessidade de absorver alguém para ser...

sábado, 25 de setembro de 2010

As coisas quebradas

Desde pequeno sempre fui aficcionado por coisas quebradas. Não sei porque, mas elas me incomodavam a tal ponto que eu tinha necessidade de consertá-las, fosse por mim mesmo, ou arranjar alguém que fizesse, e de preferência me ensinasse a consertar caso quebrassem de novo. Nunca fui organizado, nunca mesmo, mas sempre detestei qualquer coisa quebrada no meio da bagunça. É um pouco de loucura, admito que sim, mas convivo bem com isso quando é relacionado a coisas.
Cresci, resolvi ser médico, o que em parte pode ser relacionado devido a minha vontade de curar pessoas, tentando colocá-las de volta em funcionamento "normal". Mas acho que isso se tornou patológico no momento em que comecei a me atrair por pessoas quebradas...
Todo mundo tem eventuais rachaduras, mas parece que os meus relacionamentos são sempre baseados nas quebras em si! Seja com amigos, seja com namoradas, seja com familiares. Não os culpo, acho mesmo que eu cavo com mão os problemas nas pessoas, até fazê-los saltarem na minha frente pra que eu possa de alguma forma tentar resolvê-los. A verdade é: Eu gosto de problemas, não do problema em si, mas eu gosto da sensação da solução. Algo em mim desperta euforia ao sentir que resolvi uma coisa que parecia sem solução
E assim fui vivendo, em um trampolim de pessoas quebradas, ao consertar uma pulava pra outra, consecutivamente. De alguma forma colocava algo de meu dentro delas, era como se tirasse o cimento que unia os meus cacos e usasse para colar os pedacinhos alheios... Durante anos meu prazer foi ligado a isso. Até que um dia por impossibilidade de me mover, devido a instabilidade das minhas peças, percebi o que tinha feito a mim. Me quebrara na tentativa de consertar outras pessoas, me quebrara simplesmente por incapacidade de olhar pra mim mesmo.
Fui para a terapia, fiquei louco, frustrei-me, usei de todos os artifícios possíveis para negar, por fim aceitei que a minha vida tinha sido dedicada a olhar o outro para evitar enxergar minhas próprias rachaduras.
As coisas só são vistas a medida que podemos carregar o fardo que trarão. Aprendi a me olhar, não com olhos de criança aficcionada por consertar brinquedo, nem com olhos de médico querendo curar feridas, nem mesmo com olhos cegos que só enxergam o que esta imediatamente a frente. Aprendi a me olhar de olhos fechados...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Monólogo de alguém muito confuso

Eu to afim de uma moça.
Eu tenho pra mim que ela é meio louca, mas acabei gostando, aquela coisa, papo vai, papo vem durante tanto tempo na semana que... A gente acaba se envolvendo sem perceber.
Ok, talvez eu tenha visto quando me encantei. Mas sei lá.
Ela é bizarra...
Tem um corte de cabelo louco, tem olhos meio alucinados, um sorriso vívido, aliás vive rindo e tem um pircing na boca.
Baixinha, mas gostosa, do tipo mistura de mignon com cavala, tem a pequenez de uma e a gostosura de outra.
Não tá dando muito certo, assim vai parecer que ela é ideal.
Não, ideal é o que existe na idéia. Chega de idéias.
Ela usa aliança de casada, mas como eu sei que é solteira, nunca perguntei nada!
Meu amigo disse que eu sou burro, que ela já deve ter namorado, até marido mesmo, mas sei lá, ela me contou que está solteira faz 6 anos.
Nossa, pensando bem, seis anos é porque deve ter muitos defeitos.
Encalhada. Que vergonha.
Se bem que de baleia ela não tem nada.
Ela tem uma mania irritante, tudo por causa dos óculos. Ela faz cada careta...
Diz que sabe dançar.
Preciso convidá-la pra ir numa boate qualquer dia.
Não dá, ela não gosta de música alta e gritaria. [...]
Ela me chama de amigo.
Acho que sou mesmo só amigo dela...
Meu amigo me fala que eu sou muito lento.
Ou será que é ela quem é lerda?
Interessante...
Vou esperar mais uma semana...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Relembrando o perdão...

A gente já nasce sabendo perdoar, perdoamos primeiramente a nossa mãe pelo medo de uma gravidez indesejável, a qual muitas culminará com a nossa existência. Perdoamos o médico pelo primeiro tapinha na bunda e por nos tirar do conforto do útero materno. Enfim, somos dotados de infindável capacidade de perdão.
Quando pequenos exercitamos essa habilidade dentro do convívio familiar, perdoamos e somos perdoados com grande frequência. Entretanto, acredito que há maior facilidade em praticá-lo devido ao lastro sanguíneo entre os envolvidos, e pela própria unidade familiar.
Como toda criança ao me deparar com o mundo percebi as diferenças. E, uma delas foi em relação ao perdão. Acho que a maior diferença entre aquilo que ocorre intra-familiar e o que ocorre externo é a necessidade. Perdoar pai, mãe, irmão, é como uma necessidade daquelas que quando não sanadas te colocam em uma angústia permanente. Fazer o mesmo por pessoas que não são partes essenciais da sua existência é mais complicado.
Já me coloquei em várias furadas na vida, com várias pessoas furadas, consegui sair de todas por mim mesmo. Não digo que nessas saídas não carreguei comigo sentimentos ruins, mas aprendi a me livrar deles. Não por esquece-los, e sim por deixar que fossem levados por perdão. Digamos que eu não sou um exemplo de herói, pois não consigo perdoar e embalar nos meus braços o agressor, mas de uma forma peculiar eu o liberto do peso que me fez carregar.
O lado bom de já ter se ferrado diversas vezes é saber sistematicamente em que fase do perdão se está. Primeiro a raiva, depois menos raiva, depois indiferença e por último, e acredito que esse seja o verdadeiro perdão, a empatia. Sentir-se apunhalado é muito mais um problema de quem sente do que de quem empunha o punhal. Tudo muito baseado na frase que diz que cada um tem os seus problemas. Portanto, aprendi a me contentar em resolver os meus.
Não acho que ser empático com quem te feriu seja colocá-lo no seio do seu convívio novamente, aliás isso é uma coisa tão sistematizada quanto perdão para mim, se me ferir intencionalmente será apenas uma vez! Enxergo isso como o meu direito de auto-preservação.
Hoje eu posso dizer que relembrei como perdoar, mas não coloco a minha cabeça a prêmio na mesma mesa onde já fizeram dela um banquete...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cicatrizes

Minha paixão é cicatriz.
Qualquer tipo de cicatriz. Fundas, rasas, tatuadas, na alma, no corpo, na mão, nos pés, nos olhos...
Cada um de nós tem suas próprias cicatrizes.
Creio que não as mostramos para qualquer um, mas quando alguém consegue vê-las, mesmo que aos poucos, no cotidiano, no passar dos dias, no contar das horas, no bater dos minutos, é naquele momento que as almas se encontram e se unem.
Fazer amor é tocar as chagas de cada um.
É amar por tudo o que já se viveu, junto ou separado, bom ou ruim, rápido ou demorado...
Tudo.
Tudo importa.
E é quando aceitamos as feridas dos outros, e beijamos com todo o nosso amor aquilo que mais dói na alma alheia, é ali, bem ali, que somos melhores, que nos tornamos maiores, que amamos mais, e ficamos para sempre junto na dor do outro como um amortecedor, lembrando sempre que haverão batidas bruscas, mas que nossas lembranças estarão sempre protegendo para que nada mais nos corte ou nos perfure no mesmo lugar...
É quando se cura, mesmo sem jamais cicatrizar...
Por dentro. Na alma.

Eu entendo...

Eu entendo que você precise mudar as coisas ao seu redor. E, apesar de não termos durado eu sei que serei o seu saco de pancadas se você ficar no meu passado.
Eu entendo até mesmo a minha vontade de manter por perto os acordes dos quais eu tenho conhecimento, mas eu tenho certeza que serei o seu único arrependimento se você ficar no meu passado.
Eu entendo que você se iludiu e se envolveu com outras pessoas, a cada noite tentando se recuperar de algo que não existia, e eu deixarei você presa a prazeres baratos se você ficar no meu passado.
Eu entendo que talvez nós nunca mais nos falemos, mas os seus ressentimentos irão durar, embora eu vá te deixar me esquecer se você ficar no meu passado.
Eu entendo que você amará de novo um dia, e talvez esse seu orgulho te assombrará. Se você consegue viver somente da memória que tem de mim, por favor, fique no meu passado.



PS: Esse texto foi tirado de uma idéia que tive ao escutar uma música, portanto não é totalmente meu!

RETARDADO :3

sábado, 18 de setembro de 2010

Minhas cuecas borradas!

Se alguém um dia lhe disser que você não possui caráter ria incontrolavelmente!
A ignorância sobre a personalidade alheia é grande demais para tão poucas palavras, caráter todo ser humano lúcido tem, pois é o que estrutura a nossa personalidade
A questão é saber a natureza predominante do mesmo. Bom ou mau? Caráter não é ausência de erros, mas sim possibilidade infindável de mudança devido ao arrependimento. Só muda quem de fato se arrepende, uma coisa sem a outra é hipocrisia brutíssima.
Vovó já dizia “Filho, não adianta somente aprender a admitir que borrou a cueca, aprenda a lavá-la”; Uns jogam fora a cueca pra esconder a lambança, alguns poucos admitem ter sujado, mas garanto que uma percentagem menor é capaz de lavá-la. Não esquecendo ainda daqueles que usam a merda da própria cueca, e culpam o outro pela merda no lugar onde sua bunda repousara. Antes de dizer-se uma “pessoa de caráter”(bom ou mal é que não me diz respeito), olhe embaixo da sua cama, talvez ache umas cuecas borradas...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Feminismo...

Como o Duds é fã e eu também amo (só este especifico episódio), deixo mais uma razão pra odiar feministas, hahaha!
Para quem ainda não conhece, Amanda faz o papel de uma garota que apanha do namorado e defende o fato de mulher merecer porrada de vez em quando.
Ai as feministas processaram e pediram direito de resposta...
Olha no que deu...

Feminismo e outras coisas

Primeiramente, gostaria de falar que esse post não é engraçado, nem repousa sobre tom humorístico. É mais sobre algo que me aborrece há um tempo, e me deixou com mais raiva depois do vídeo abaixo, peço que assistam até o fim:



Quando ouço uma mulher falar sobre teorias feministas algo em mim fervilha de raiva. Acho sinceramente que assim como o machismo mais fortemente arraigado a sociedade, o feminismo é fortemente tendencioso. Muito fácil falar sobre o que lhe convém, não é?
Para começar queria deixar claro que não sou contra a independência da mulher, ou contra o seu papel na política, sociedade ou religião. Acho sim que ambos os sexos tem direito a tudo isso, mas acho também que o fato de homem e mulher serem biologicamente diferentes deve nos dizer algumas coisas sobre certas aptidões referidas a cada um dos sexos.
É muito claro que o feminismo como movimento começou como resposta a opressão do homem no papel social da mulher. Até ai acho que a coisa corria adequadamente, problema é quando uma tendência torna-se opressora e age desconsiderando as diferenças óbvias existentes em ambos os sexos. Exemplos? Existem vários nos afazeres domésticos diários, os homens geralmente tem maiores habilidades em tarefas de reparação(a maioria das mulheres não trocaria um fusível), enquanto mulheres tem maior aptidão em geral para cozinhar(coisa que a maioria dos homens é um desastre). Ai alguém vai me dizer que isso é por causa da criação que recebemos. Ok, em parte até pode ser, mas e o esforço físico correspondente a cada atividade? Muitas vezes trocar um pneu necessita de maior força física, assim como costurar exige maior destreza manual, o que nos diz que as diferentes aptidões contribuem para sermos melhor em diferentes atividade.
Mas uma coisa que me irrita em feministas é que elas querem ser iguais aos homens em tudo, mas somente TUDO que as favorecem! Explicando o ponto de vista, nunca vi uma feminista defender que mulheres devem trabalhar nos empregos que exigem esforços físicos gigantes assim como homens. Embora, tenha visto várias defenderem o fato de que a mulher deve ter posições no trabalho tão bem remuneradas quanto a dos homens. Concordo que as posições de trabalho entre homens e mulheres deveriam ser valorizadas da mesma forma, mas é de se saber que assim como no ambiente doméstico, homens e mulheres tem aptidões diferentes para o trabalho e portanto deverão predominar em diferentes setores da economia.
Outra coisa que me deixa ensandecido é quando falamos de aborto. As feministas batem o pé dizendo que a mulher deve ter direito pleno sobre o seu corpo e tudo mais. Acho sim que devemos ter direito sobre o nosso corpo, contanto que não fira o direito do outro. Nem quero chegar a discutir questões médico-legais de em que momento começa a vida. Isso é um texto meu, e portanto suporto ele baseado nas minhas crenças. Acredito que vida se inicia com o implante do embrião no endométrio, pra mim a partir daí é aborto, porque estará ferindo o direito daquele embrião a vida. Enfim que direito é esse que desrespeita o direito do outro?
É mais ou menos isso que o feminismo faz com os direitos dos homens, obrigando-nos a aceitar incondicionalmente o que elas acham válido! Hoje em dia é vergonhoso se dizer assumidamente machista perante a uma roda de mulheres, mas parece existir um prazer em descontar as humilhações sofridas pelas mulheres no passado o qual faz as próprias hoje em dia se dizerem FEMINISTAS COM ORGULHO! Quando ouço isso tenho vontade de mandá-las a merda! Que culpa tenho eu que meu tataravô achava que lugar de mulher é no tanque, eu não acho, e não vou pagar por isso! Da mesma forma que não tenho culpa por queimarem protestantes na fogueira por séculos, e não pago por isso, saca?
Agora voltando ao vídeo. A justiça é muito tendenciosa ao dar preferencia geralmente para as mães em casos de guarda por um somente um dois pais(ainda bem que o advento da guarda compartilhada tem se tornado cada vez mais comum). E, é impressionante como ouço da boca das mulheres que os filhos devem por direito ficar com as mães. Isso é mais uma forma de usar argumentos como "eu gestei a criança por nove meses", "eu amamentei", "eu sofri as dores do parto" para querer afirmar uma opinião sem considerar o outro lado(coisa meio comum entre as feministas). Não precisamos ir muito longe para saber que o direito da mãe pelo filho não é irrevogável, por exemplo a mãe que após parir joga o filho numa lata de lixo. Ela também gestou, sentiu as dores do parto e por isso teria direito após esse fato de ficar com essa criança? Creio eu que qualquer pessoa de bom senso diria que não, e que seria preferível que essa criança fosse entregue até a uma família adotiva, caso não tivesse uma figura paterna responsável. A capacidade ser um bom pai ou mãe, independe do sexo. Bons pais, podem ser tão bons quanto boas mães, e tão capazes como. É diferente de capacidades físicas, essa qualidade é individual e não definida por gênero(algo que feministas geralmente fazem questão de esquecer em seu favor).
Queria mesmo é que fossemos olhados como indivíduos, e que o gênero fosse a última coisa a ter importância. O cara antes de ser homem, é um trabalhador, é honesto, é decente, é bom pai, ou seja ser do sexo masculino deve ser última característica a ser olhada. Por que ele teria menos direito que a sua ex companheira sobre a guarda do filho? Pelo que o vídeo nos mostra(pelas palavras da própria criança)ali existe uma mãe que não age direito ao espancar a criança, e isso também vem antes de ela ser mulher! No caso, acho que um pouco de bom senso cairia bem e mostraria que seria melhor deixá-lo com o pai.
Por fim, gostaria de dizer que vi esse vídeo há um tempo, e que hoje recebi a notícia que o menino foi devolvido ao pai! Fiquei muito feliz com isso, nem tudo é desgraça no mundo, nem tudo é injustiça.
E se alguma mulher ler esse texto, e me achar babaca, machista, ou qualquer outra coisa, queria pedir que relesse o mesmo, pois obviamente não entendeu o que eu disse. Se mesmo assim achar isso, sinto-lhe informar que o problema é seu, e se quiser discutir e me convencer do contrário existe um espacinho ai embaixo para comentários.

Desabafo de um ex-viciado

Gostaria de pedir um espaço, eu sei que esse blog num é o ‘fala meu filho’, mas to tão desesperado que qualquer coisa serve.
Queria dizer que a vida toda eu escutei que eu era um vagabundo, sedentário, mau elemento, viciado...
Meu único vício sempre foi dormir.
E ai, gente, qual o problema disso?
Num to injetando, nem cheirando, nem matando ninguém. Só quero dormir.
Meus pais reclamam, ficam perguntando quando vou fazer algo da vida.
Mas daí eu penso, dormir é uma terapia.
Todo o tempo que eu passo acordado, os problemas vão só acumulando.
É coisa daqui, coisa dali, coisa que eu nem sei de onde veio!
Pra quê que vou me estressar? Vou dormir.
E quando eu durmo, é uma beleza! Sono reparador de qualquer caos que você tenha na cabeça.
Semana passada eu sonhei que era o Superman, ta ligado?! Daí eu salvava o mundo inteiro. Me diz que terapia no mundo é melhor do que essa?
Freud que me perdoe, mas os sonhos não são reflexos dos problemas, e sim o que resolve.
Essa semana eu sonhei que era um cafetão, daí eu comia uma prostituta minha, uma puta loira gostosa!
Me diz em que mundo existe uma loira como a minha? E ainda ser cafetão e comer minha menina sem sair no prejuízo nem depreciar mercadoria!
Ah! Ficar acordado num ta com nada.
E era essa a mensagem que eu queria passar.
Um desabafo desesperado de um cara que descobriu que nem é viciado.
Eu quero mesmo é divulgar minha terapia...
Qualquer um que quiser entrar em contato pode ligar pra igreja que eu to fazendo, Igreja dos Sonhos Divinos.
Valeu!
Bom sono!

Um Mês!

Parabéns pra você!
Nesta data querida!
Muitas felicidades...
Muitos anos de vidaaa!

E continuaremos a comemorar soltando peidos por ai.

Um mês de vida!
Logo logo vira um ano.

Parabéns, um peidinho!

Lê & Du

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Marcelinha

Marcelinha era uma vizinha gostosa que eu tinha!
Cara, era impressionante o corpinho daquela safada. Acho que ela tinha prazer em ver os caras babarem quando saia de pijaminha no hall do prédio.
A movimentação no apartamento dela era proporcional a sua gostosura. Cada dia um cara novo entrava no apartamento, e eu assistia tudo de camarote vendo aqueles brutamontes entrarem no prédio após apertarem a bunda dela já no portão.
O mais engraçado era como eles saiam, todos bebaços. Não sei porque, mas na época achava que eles ficavam tão loucos pra come-la que exageravam na euforia e bebiam demais.
Conheci Marcelinha melhor no elevador, após ajudá-la com umas compras. Confesso que foi intencional, já que abaixar pra pegar sacolas não é algo que faria pra qualquer uma. No elevador pude saber que era solteira, gostava de beber, e curtia usar mini saia no verão... Entre o sétimo e oitavo andar me fez o convite mais irrecusável do mundo, ir beber em sua casa mais tarde. Adivinhem? Recusei! Na época eu tinha namorada, e como todo boi, era fiel.
Sempre que encontrava com ela, era tentando pelo seu convite de tomar uma cervejinha.
Caralho, era foda resistir, mas o instinto de burro preso falava mais alto. Além do mais era apaixonado por outra, o que é a melhor droga pra fazer o pau não subir! Imaginem broxar com aquela gostosa? Preferia não ir!
O tempo passou, o namoro acabou, a paixão cessou. Assim voltei pra minha vida de canalhices, e encontrei Marcelinha no hall do prédio as 10 da noite de uma terça feira. Ela mais uma vez me propôs de bebermos, e naquele dia eu topei!
Subi no meu apartamento, tomei um banho, lavei o garoto bem lavadinho. E fui correndo pro apartamento dela. Chegando lá já fui servido com um copão duplo de Whisky e sentamos na sacada. Achei que como estávamos bebendo um negócio forte não demoraria muito pra ela ficar passadinha, e fazer logo um strip. As horas passavam, eu bebia, ela bebia, eu bebia, ela bebia...
Fiquei bêbado! Era esse o plano dela... Eu não lembro direito o que aconteceu depois disso, as coisas voltam em flashs na minha cabeça. Lembro de ter vomitado no vaso que fica no hall no meu andar, lembro da Marcelinha me ajudando a descer as escadas, mas não lembro de ter comido ela.
Foda! Acho que Marcelinha é assim mesmo, bebe mais que os homens por isso não dá pra nenhum... Agora entendi o porque os caras saiam bebaços, talvez a safada seja virgem até hoje esperando um príncipe que beba mais que ela.

Histrionismo

Ok, de duas uma: ou há pelo menos 95% de histriônicos no mundo ou eu tenho uma grande tendência a atrair essas pessoas. Como a primeira hipótese é improvável, fico com a segunda. Vou dar um desconto e confessar que eu não estou falando do transtorno de personalidade propriamente dito. Refiro-me àquelas pessoas que frequentemente adotam posturas histriônicas – vulgo xilique. Estou rodeada delas. E talvez – repito: talvez- exacerbe um pouco esse lado em quem tem essa tendência. Todo mundo deve conhecer alguém assim: torceu o pé e liga chorando dizendo que talvez nunca mais vá andar; bateu o carro e ninguém consegue ver o arranhão, mas o histriônico já acha que deu perda total; você faz um comentário e ele te olha como se você tivesse insultado alguém da família. Eu acho engraçado. Sério, minha primeira reação sempre é rir. Demoro a entender que realmente a pessoa está falando sério. Depois baixo meu tom de voz e peço pra se acalmar. Essas atitudes geralmente fazem com que a pessoa perca o pouco de equilíbrio que restava. Fica um pouco mais engraçado. Tá, talvez seja uma reação sádica, tipo jogar sal no sapo e ver ele se contorcer, mas eu nunca consigo evitar.
Certa vez minha namorada veio chorando a pé até a minha casa repetindo que estava gorda. Quando eu perguntei por que daquilo tudo ela respondeu gritando: “Não ta vendo? Olha a minha barriga, to imensa de gorda, eu fui me pesar na farmácia e to com ½ kilo a mais!”
E eu quase rindo respondi: “Nossa, e como que você não quebrou a balança?”
Claro que o resultado foi o término do namoro.
Mas isso não faz de mim um não-culpado. Também tenho minhas histórias histriônicas...
Quando eu era criança e me jogava no chão do shopping porque não podia comprar um brinquedo, minha mãe saia andando, sem dizer nada. Eu, então, me levantava, enxugava as lágrimas e ia atrás. Mas a diferença é que eu aprendi que fazer escândalo não é uma saída. Talvez seja isso que eu tente mostrar pra essas pessoas hoje em dia. Talvez não, talvez eu só ache engraçado mesmo.


Galera, esse texto foi escrito originalmente pela Camila Merighi(www.twitter.com/camilamerighi) e levemente modificado pela Le(Oniris). Muito legal ter participações aqui no nosso humilde brog.
That's all folks!

Mistificação...

Eu tenho um amigo que ama mulheres.
Mas ele não só ama, ele idolatra tanto que mistificou a... Como posso dizer? Ele mistificou a ‘bonança’ que há entre as pernas.
Então ele fica preso a elas.
Sempre se apaixona, um romântico incurável!Por isso se decepciona mais do que o normal também.
Ele é tão apaixonado pelas “periquitas” que um dia começou uma coleção de fotos, fatos e características de cada uma de suas parceiras.
Ele guardava um pelinho de lembrança que muitas vezes pegava escondido porque nenhuma sabia de sua coleção estranha.
E assim foi. Durante anos ele colecionou com carinho os cabelinhos pubianos das que passaram por lá, descrevia o aroma, o tato, o tamanho da ‘periquita’, o sabor ao paladar. Devo dizer que fiquei impressionado quando vi o tanto de “material histórico” que ele havia conseguido guardar.
Meu herói!
Mas ele também tinha outro problema...
Defendia a tese de que uma mulher bem provada é aquela que se prova sem proteção.
Eu sempre falei que isso era babaquice, que ele ia acabar se arrependendo.
Mas a paixão dele era tanta que nunca me deu ouvidos.
A lá ele chegando... Ele e mais seus 14 filhos...

Moral da história: fazer coleção de mulher é bom, mas cuidado pra não mistificar e terminar com uma coleção de crianças.

Querido diário...

Dia 2!

Querido diário,

NUNCA MAIS EU VOU EM ACADEMIA!
Eu precisei fumar dois cigarros seguidos para passar o nervoso, diário!
Por que é que aquelas meninas usam aquelas roupas minúsculas desfilando como se fosse carnaval?
Que raiva!!! Eu odeio todas elas. Magras morféticas!
Poxa, me senti a maior gorda do planeta, parecia que tava todo mundo olhando pra mim! E a única coisa que eu conseguia pensar era: ‘Parem de me olhar!’
Uma hora eu cheguei a falar em voz alta pra um rapaz: “Ta olhando o que? Sou gorda mesmo!”
Ai ele me explicou que ele é professor de lá e estava somente observando meus movimentos. Fiquei com tanta vergonha! Também, por que ele usa moletom por cima do uniforme? Eu jamais iria adivinhar ne!
Mas aquelas meninas...
Tem uma lá que se acha A gostosa.
Tudo bem que ela é gostosa, mas... Precisa colocar um shorts minúsculo quase mostrando a bunda que nem aquele?
Eu vejo que todos os homens olham pra ela. Que inveja.
Eu mato aquelas desgraçadas.
Mas tive um progresso, fumei mais e comi menos.
Ta certo que depois de meia hora eu já estava quase desmaiando, mas normal, o corpo acostuma. Eu acho...
Ela tem celulite, isso deu pra reparar.
Magras morféticas!
Morram todas elas.

Te amo, você me ama também?

Eu.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Querido Diário...

Dia 1!

Querido diário,

Primeiramente não me culpe por nada.
Você será um diário desinteressante de uma jovem encalhada.
Mas estou me esforçando para desencalhar.
Nem adianta pensar que eu serei uma Bridget Jones, nada disso, nenhum Hugh Grant nem Colin Firth vão brigar por mim, nunca, nem nos meus sonhos.
Aliás, só ando tendo pesadelos.
To começando a fumar e, ironicamente, ir à academia.
Sabe, minhas amigas sempre disseram que cigarro emagrece porque ao invés de comer você faz o que? Fuma! Fuma e fuma.
Mas prometo que não chegarei nunca no ‘hum maço por dia’, ta? Nem mais.
Até que fumar é gostoso.
Primeiro dá aquele barato, mas é só enquanto você consegue prender a respiração. Depois é só fumaça e tosse.
Acho que sou alérgica, diário.
Mas não irei desistir da minha empreitada. Falando nisso, cadê meu isqueiro?
Ah sim, comprei um cor de rosa pra estimular. Ele já tem adesivo da Hello Kitty.
Sou fã número um dela. Já reparou que é verdade o que falam, ela não tem boca! Como come? Não come! Minha rainha! Viver sem comida... Será que aquela coisa de viver à base de sol existe mesmo?
Pena que não sou muito fã dessa onda new age, são muito radicais, imagina deixar de lado a carne, o amendoim, a cervejinha! Nem morta!
Mas eu vou emagrecer. Será que ajuda conversar com planta?
Acho que não, só o ficar sem comer deles mesmo... Povo louco.
Mas falando sério, vou na academia amanhã. Pior que já parei pra escolher a roupa.
Nada servia, mas consegui improvisar um look mais larguinho, assim ninguém repara nas minhas gordurinhas.

Bom, acho que é isso, querido diário. Vou te chamar de Freud, pode?
Se bem que acho que nem ele me entenderia.
Esta é a primeira folha da minha jornada.
Será ótimo te ter como companheiro.
Já te amo.

Eu.

Segundo

- Eae pegou ela?
Essa foi a primeira pergunta que ouvi ao chegar em casa... Ri meio envergonhado, e fiz questão de responder firmemente:- Cara, já te disse! Não é o tipo de mulher que se pega na primeira noite que eu quero.
As horas que se seguiram foram repletas de filosofias do saco roxo pelas quais eu não me seduzo mais. Era tudo sobre como eu deveria ter tentando beijá-la, como eu deveria ter tentado arrastá-la para um motel qualquer, e ido embora logo após o sexo, todas lições que fizeram parte de meu repertório de baboseiras. Talvez durante o discurso meu sono tenha sido um gatilho para fugir de ouvir as mesmas lamurias de como mulheres são demónios quando querem. Sinceridade mesmo? Não estava disposto a ouvir conselhos cafagestes e agir como se estivese aprendendo sobre mulheres na zona aos 15 anos.
Amadurecera muito nos últimos dois anos, enxergara verdades ocultas sobre atitudes estereótipadas. Somente quem não cresce ao ser flagelado continua agindo dessa forma. Me sentia novo por tudo, pela atitude, pela palavra, pela sobriedade...
Quando temos consciência de nossa representação no papel de ator principal de nossas vidas é fácil saber o que quer. E, eu queria vê-la novamente.
Peguei o celular em um impulso e escrevi as palavras mais sinceras que me vieram a mente: "Nunca te imaginei como vi hoje, obrigado pela noite maravilhosa. Te levo café na cama amanhã para continuarmos a conversa? kkkkk..."
Dormi, e acordei, parecia que a noite havia passado em um segundo. Ao acordar vi a mensagem dela no celular: "Se você quiser morrer cola aqui, meu pai vai adorar te conhecer! Se quiser permanecer vivo, 8h30 na cantina de baixo... It's your choice, live or die(by jigsaw)". Me fez rir a mensagem dela...
Senso de humor talvez seja opcional top de linha em mulheres, rola um comodismo na ala feminina, como se fosse obrigação do homem fazê-la rir a todo momento, bancando palhaço com intenção de seduzir.
Me arrumei apressado e sai. No caminho da cantina sentia minha ansiedade abrandar, e repousar levemente sobre o humor daquela mensagem. Algumas pessoas tem o dom de te colocar em uma posição confortável mesmo sem intimidade suficiente, assim é ela.
Ao chegar de longe a vi sentada, era diferente vê-la durante o dia, profissionalmente, mas agora era capaz de distinguir as camadas daquela mulher. Passei por ela, fingi não ver e fui ao balcão. Quando me notou ela veio rindo em minha direção e perguntou se não havia visto que ela estava ali. Respondi afirmativamente com a cabeça, mas estava procurando Jigsaw pois combinei um encontro com ele por celular ontem. Ela riu. Agora me permito abrir uma nova explanação sobre o fato de risadas: é muito bom fazê-las rir, o ruim é tornar isso parte de uma obrigação a qual precisa ser cumprida como um ritual. Risos verdadeiros alimentam o ego de uma forma estranha quase que uma vaidade intelectual.
De novo reparei nela ao sentar, era linda. Acho que tenho atração por ver mulheres ao se sentarem, um dos estranhos prazeres que reafirmei ao lado dela.
Conversamos sobre o dia que estava iniciando, sobre a noite bem dormida no meu caso, e mal dormida por ela. Pediu-me para que apresentasse o Del, e falou que provavelmente ele teria carecia de mãe. Disse poder me ajudar com ele, fato que se confirmou mais tarde,pois o mesmo fica mais feliz quando estamos os três juntos.
Aqueles 30 minutos foram a melhor parte do dia que seguiria. Em alguns momentos atrevi-me a pegar na mão dela por cima da mesa, e recebi o seu aval ao percebe-la lançar um olhar para as mãos sem afastá-las de mim.
Despedidas são sempre complicadas para mim, não sei direito que fazer, hesito mas parece que por milagre sempre faço o movimento certo. Abracei e beijei seu rosto demoradamente. Me olhou meio espantada e disse: - Esse beijo foi abuso, sabia? Respondi maldosamente: - Se você fizer de volta ficamos empatados! Ela me surpreendeu novamente, acariciou-me o rosto e beijou-me da mesma forma que eu havia beijado. Afastou-se, e me olhou de rabo de olho ao dizer tchau.
Fui flutando ao trabalho exaustivo naquele dia, era ela...

Morte...

Eu tenho uma amiga que não gosta da morte.
Não é que ela não goste por evitar, mas ela encanou que eu sempre escrevo matando as pessoas.
Mas eu sou uma escritora psicopata, o que posso fazer?
Minha natureza grita: Mata!
E eu mato... Uma por uma no final dos meus contos e crônicas.
Nunca me foi um problema matar, até ontem.
Eu tava indo dormir quando ouvi uma voz me chamando, fiquei meio atordoada.
Minha casa é grande, então dá aquela sensação de “caça fantasmas” ao andar de noite. Mas fazer o quê? Respondi “Que foi?”.
E não é que a Aninha veio reclamar que ela sempre odiou carro, queria que eu reescrevesse a crônica.
Quando eu acendi a luz foi uma surpresa, todos eles estavam no meu quarto.
Começou uma barulheira! Foi uma gritaria do inferno! Pior que loira do banheiro em mansão abandonada! Fiquei puta e desconfiada.
Logo a professorinha (que foi a primeira que eu matei) começou a querer colocar ordem na casa, fila daqui, fila de lá... Cada um tinha uma reclamação a fazer acerca de sua morte.
Ela achava ridículo uma garotinha matá-la mesmo que metaforicamente.
A Karem só gemia, senhora de idade, nem conseguia falar.
A Laura falava que tinha que ter morrido com um homem ao seu lado, que mulher de verdade é amada até a morte... Que ironia! Eu que pensava que ela nem acreditava no amor e que nem sabia o que era amar. Não pra sempre....
O marido da maleta só sabia gritar que queria a vida de volta. Que quem tem 3 amantes não morre, revigora, ressuscita, renasce, mas não vai embora nem ferrando!
O senhor e a senhora da feijoada só sabiam argumentar entre si sobre o fato dela estar muito livre e renovada, se achando uma mocinha. Claro que ela culpava ele pelos anos de uma suposta prisão domiciliar. Depois disso ele começou a gritar: “Assassina! Assassina! Eu é que deveria te matar!”
A Aline disse que jamais poderia ser desmaterializada. Onde já se viu? Virar pedaço do mar...
O chefe, bom, esse eu arranquei as cordas vocais para nunca mais ter que ouvir.
Os amigos da Soninha corriam em volta de mim e brincavam de pique-esconde.
A Milânea só sabia resmungar sobre sua depressão.
Heloisa continuava a orar, mas ainda estava entre o céu e a terra.
O Vital xingava a mim e a todos repetindo que queria fumar.
Foi um Deus nos acuda, e eu fiquei parada olhando aquela cena espetacular.
Matei todos eles num só golpe de digitação, e agora queriam se rebelar.

Eu não dormi tentando convencer cada um do seu propósito, mas foi difícil convencer.
Eles juraram que voltam essa noite.
E que vão voltar até eu arrumar os textos ou eu mesma me matar.

Moral da história: nunca mate tuas personalidades múltiplas nem teus amigos imaginários, eles voltam para te buscar e te deixar mais louco ainda!

*Crônica feita especialmente à minha amiga Jéssica Corrêa!

Indiferente

Odeio ter que falar duas vezes.
Sabe aquele tipo de pessoa que finge que não escuta ou se faz de desentendida para não fazer algo? Então, odeio esse tipo de gente também.
Minha ex namorada era assim, tudo ela me perguntava duas vezes, o que não é tão ruim, porque pior é ter que responder duas vezes.
Talvez ela não gostasse das minhas respostas. Eu sempre fui sincero. Então ela questionava.
Tudo começou de leve com um “Foi bom?” “Foi.” “Tem certeza?” e ai eu olhei para ela, pra que Eu pudesse ter certeza de que estava buscando confirmação, então repeti “Foi”. Mas acho que ela percebeu que eu fiquei desconfiado.
Com o tempo o “Tem certeza?” se tornou “É verdade mesmo?” “Acha mesmo?” “De verdade verdadeira?”... Dependendo do dia ela alternava.
Mas o que tornava o defeito da Aninha algo ainda pior é que ela também se fingia de surda, daí Eu tinha que perguntar mais de uma vez as mesmas coisas!
Com o tempo ela foi ficando tão obcecada com as perguntas que passou até a questionar se eu queria transar antes até de me beijar. Na primeira vez ela teve que perguntar de novo porque eu realmente fiquei tão atordoado que soltei logo um “O quê???”.
Aninha era gente boa, coitada, apesar da insegurança.
Depois de uns anos ela passou a gritar também. E eu também odeio que gritem, mas Aninha tudo bem, Aninha podia. Eu nunca reclamei.
Sabe que pensando agora acho que ela foi ficando surda mesmo...
Sério, de verdade...
Ela repetia, gritava, não ouvia...
Bem que quando ela tava atravessando a rua eu gritei “Olha o carro, olha o carro.”, mas ela nem se mexeu.
Morreu coitada.
Eu que sempre me culpei... No fundo nem era problema meu.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Perseguição

Odeio pessoas que escrevem cartas românticas, seja antes ou após o relacionamento.
Já reparou que normalmente são pessoas vazias, cheias do outro porque não sabem nada sobre si, que não sabem se descrever, por isso só falam dos sentimentos alheios e ainda por cima são malucas, sim, Malucas com m maiúsculo porque são as recordistas em dizer: se me largar, eu me mato ou mato você!
Igual minha ex, uma insana por ai, quando terminamos foi um horror...
Primeiro ela ficou tranqüila, ela achava que era o que queria, até que descobriu o contrário, que me amava, que me queria de volta. Por essas e outras razões inexplicáveis ela passou a me perseguir.
Eu deveria ter notado, ela fazia muitas cartas de amor...
E ai começou... Eu ia no metrô, lá estava ela de óculos me seguindo; eu ia na padoca e coincidentemente ela ficava morrendo de vontade de comer pão. Eu ia fumar, ela ia atrás.
Ah sim, esqueci de mencionar... A louca trabalha comigo.
Por isso ela começou a fumar também, daí nas horas que eu saio para aquela pausa no escritório, adivinha quem vem junto?!
Pois é, cúmulo mesmo foi quando eu andava com crise de diarréia e a psicopata resolveu entrar no banheiro masculino para ver porque eu demorava!
Para ela a surpresa não foi boa, até porque na mesma hora o chefe entrou e deu de cara com ela, adivinha a reação... Não teve dúvidas. Demitiu a coitada.
E eu? Eu continuo sendo perseguido mesmo assim.
Nesse exato momento ela acabou de descer do palco. É, porque assim, eu freqüento uma boate de strip, então já viu. Ela resolveu começar a trabalhar aqui.
Ela ta vindo na minha direção...
Acho que ela vai querer bater na Ritinha...
Quem é Ritinha? Ah, uma lutadora de kung fu que ta sentada no meu colo...
Ciumenta que só vendo...
“Quem é essa louca? Não conheço não. Bote bater, Ritinha. Não me importo não.”

Diálogo dos pensamentos desonestos

Fora demasiadamente difícil permanecer em uma pendência devido a sua influencia constante. Mais difícil ainda seria viver em um céu azul ao me ver fechando as portas pelo percurso da minha existência?
Mas aposto que você pode dizer por onde andei pela forma que eu empunho minha arma, desesperadamente tentando escrever alguma coisa que me dê conforto, ou mesmo que seja capaz de me aliviar as primeiras horas do sono perdido da noite.
Apesar da minha devoção ao relacionamento, eu não era honesto, eu não era saudável ao fazê-la feliz por comoção, ou por dissipar os problemas alheios como eu gostaria que os meus sumissem no ar. Essa é a pior draga que existe, viver em constante prisão dentro do outro, respirando por segunda intenção no ímpeto de alguma hora enxergar a si mesmo olhando para o vazio.
Talvez você tenha estado certa ao cobrir suas marcas desafiando o próprio destino através do fio de uma lâmina. Por tudo que acontecera imaginaríamos somente que estivesse em casa, embora transitasse por um inferno sem que ao menos alguma faísca saltasse aos nossos olhos.
Você pode ver por onde andei pelas fotos tiradas, eu tentei ser positivo com as coisas, tentando me encarar sem ao menos abrir os olhos. Isso não é honestidade.
Eu só gostaria que você pudesse se ver por um segundo pelos meus olhos, assim veria que não há necessidade de perdão ou mentiras reparadoras.
Somente agora posso dizer por onde você andou devido as marcas nos seus pulsos, e pode ser que a água avermelhada tenha lavado os seus pecados, mas isso não te tornou mais pura, nem mais honesta.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Mordidas e Rosnados...

Parece que tem hora que a cabeça da gente vira um pinico, né? Não qualquer pinico, um daqueles bem sujos e encardidos, em que parece que as manchas não saem e o cheiro só piora!
Enfim, andei refletindo sobre algumas coisas que me incomodavam, nas minhas atitudes e dos outros. Parei pra pensar e cheguei a conclusão que qualquer ser com vida tem impacto suficiente pra desestabilizar outro, se o mesmo permitir. É mais ou menos sobre isso que quero falar nesse post, sobre as técnicas das quais utilizamos pra desestabilizar, sejam conscientes ou inconscientes.
O animal antes de atacar, até para se defender, avisa que irá fazê-lo. Isso talvez seja parte de um instinto tão pré-histórico, de auto preservação, para que o outro se afaste sem que ocorra um embate que pode ser danoso pra ambos, ou mesmo por não ver necessidade de agredir, e tomar-lhe a vida em vão. Cada um o faz de sua maneira, uns rosnam, outros atiçam o guizo, outros vão bufar... Até ai o ataque não se concretiza, e pode ser premeditado tanto pela vítima quanto pelo agressor. Entretanto se a suposta vítima continua tendo a postura ofensiva provavelmente se dará mal.
Mais ou menos assim acontece com os humanos irracionais, vulgo eu! É amigo, eu sou bem irracional quanto a isso. Eu rosno muito, mas muito mesmo... E no final caio em contradição dentro da minha própria irracionalidade, pois não capaz de morder de verdade. Não que rosnar não incomode, mas é diferente da mordida em si! Melhor seria ignorar qualquer injúria, ou postura ofensiva, enquanto não sou capaz desse martírio me viro ora rosnando furiosamente, ora ignorando as porradas da vida.
O que mais deixa meus pensamentos absortos nesse tipo de questão, é o seguinte: Existem alguns de nós que são mais evoluídos. Algumas pessoas perderam esse instinto de auto preservação, seja porque perderam o medo de entrar em situações danosas, ou seja porque realmente não tem valores condizentes com aqueles que pregam as atitudes não prejudiciais ao semelhante. E daí surge a pseudo-evolução(digo pseudo porque esse tipo de gente invariavelmente toma no cu em algum momento da vida), a qual é composta por pessoas que mordem sem discriminar a necessidade do ataque. Até ai, um belo foda-se pra esse tipo de gente!
O problema ocorre quando somos atacados por quem parecia próximo sem nenhum tipo de aviso prévio, e essa mordida dói mais. Garanto que dói. Na natureza, em uma situação de perigo a descarga de adrenalina nos prepara para suportar melhor a dor durante uma fuga. Talvez o mesmo aconteça com sentimentos, somos impelidos a esperar o ataque e por isso algo faz com que a mordida doa menos, e seja em parte mais bem aceita. Tenso é quando a mordida vem sem nenhum preparo, vai te desestruturar na maioria das vezes.
Quando topar com esse tipo de gente tente assumir uma das duas posturas: Fuja desesperadamente sem olhar pra trás, ou devolva a porrada no mesmo nível. Só não faça como eu, não rosne somente. Em qualquer uma das duas situações ideais de devolução você estará ensinando algo ao vilão da história, seja por meio de desprezá-lo, ou seja ensinando na prática que as merdas que ele faz não ficam impunes.
De qualquer maneira, isso só me fez concluir que vou parar de rosnar, de nada adianta se eu não consigo ser vil e morder de volta, é tão prejudicial quanto morder, pois dá oportunidade para o vilão se fingir de ameaçado, e ofendido! Mas não posso esconder meu contentamento de ver um tipinho desse se foder ao levar na lomba depois de atacar sem aviso!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Portas

Será que perder uma oportunidade é possivelmente perder a chance de uma vida?
Quem sabe perder a oportunidade de fazer parte de algo que nem se queria muito, mas que faria todos felizes e orgulhosos?
Será que eu queria? Será que ainda quereria?
E quem não gosta de poder dizer que é bom?
Eu sou boa?
Uma porta aberta me caracteriza?
E ela fechada... O que significa?
Fiquei fora de qual mundo? Do meu ou dos outros?
...

Eu não sei nada...

Fico abismada sobre como fazemos promessas para os outros – mesmo aquelas que são veladas, juradas em não serem prometidas – e acabamos nos esquecendo de cumprir o melhor para nós.
Muitas vezes até fazemos promessas para os outros procurando escapar das nossas próprias metas, se eu faço um trato comigo de que vou parar de fumar, o que é que tem se um amigo pediu para que eu o acompanhasse em um único cigarro?
Prometemos que nunca vamos sair do lado, que seremos fiéis, constantes, até mesmo inconstantes. Prometemos que não prometeremos nada.
Inventamos desculpas, objeções ou objetivos, visões...
E eu me pergunto quando é que realmente fazemos isso por nós (?).
Creio que no fundo, durante os grandes abraços sofridos que damos e que, mesmo em silêncio, juramos nunca abandonar ou proclamamos que um dia voltaremos, significa apenas os abraços que gostaríamos de dar em nós mesmos.
Muitas vezes nos voltamos para os outros com esperança de encontrarmos a nós, ainda que sabendo que iremos nos perder dos outros e conseqüentemente muitas vezes perdermos a nós mesmos.
Talvez para nos achar, mas o medo é tão grande que prometemos... Prometemos que iremos voltar. Que irá haver um retorno, que tudo estará em seu devido lugar.
Seja o lugar uma bagunça ou não, ainda sim cremos que fazendo promessas ou desfazendo juramentos ficaremos livres ou mais presos.
Creio que tudo isso seja apenas falta de si mesmo e a grande necessidade de se encontrar.
São as promessas que queremos nos fazer e os juramentos que tentamos ignorar, seja em forma de moral, seja em forma de regra, ética, política, lei, contrato – verbal ou firmado -, a verdade é que aquele abraço apertado, sofrido e, muitas vezes, molhado significa apenas uma saudade interna.
Ou talvez não seja nada disso, porque afinal...
O que é que eu sei sobre a vida lá fora?

Sem promessas

Não posso prometer muita coisa a você,
Queria poder prometer-te o mundo, fazer-te feliz em todos os momentos, mas não.
Não posso prometer que serei calmo todos os dias, só posso pedir que entenda que cada um lida de sua maneira com as frustrações, mas posso te recompensar por ser minha companheira ao ser o teu companheiro.
Não posso prometer te contar sobre tudo que vivi, o meu passado é meu, só meu, esculpido pelos anos através das minhas mãos, mas posso dividir todo e qualquer aprendizado obtido contigo.
Não posso prometer que nunca se machucará ao meu lado, mas te garanto que durante a vida aprendi a consertar minhas atitudes através de mudança, e que o bem mais precioso que possuo é a minha capacidade de tentar devolver sorrisos que roubei.
Não posso prometer que você verá alguém que age certo em todas as situações, mas sei que de alguma forma até a minha atitude errada vai te mostrar o tamanho do meu coração.
Não posso prometer que serás dona de todo e qualquer pensamento meu, até porque a liberdade se restringe a possibilidade de pensar, mas será a única deitar em minha cama.
Não posso prometer que será a minha única razão de viver, mas posso te garantir que enquanto estiver contigo serás o meu primeiro e último pensamento do dia...

"Say what you need to say..."

=)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Primeiro II

Não existe coisa mais bonita do que ver uma mulher linda se sentar a mesa, caraca! É quase um ato completo de sedução, levantar para cumprimentá-la, puxar a cadeira pela primeira vez, vê-la delicadamente segurar o vestido contra o quadril, até se posicionar sentada, e ajeitar os cabelos te olhando com cara de desconfiada imaginando o que pensara dela até o momento...
É incrível como fui seduzido por pequenos prazeres que há muito não me eram capaz de fazer sorrir. Meu sorriso estava de volta enfim, e não aquele de canto que esboça o descontentamento por detrás do dia, mas sim aquele leve que me faz esquecer os percalços do caminho.
Ao voltar a tomar meu assento, olhei-a novamente incrédulo quanto ao tempo que havia desperdiçado diariamente, sem notar aquela luminosidade que pareceu tomar conta do ambiente... Estava cego quanto a mulheres, cego! Fui capaz de entender o que um velho amigo dizia-me sempre com uma certeza inabalável: Mulher boa é aquela que se faz notar somente quando quer. As rainhas do baile que me desculpem, mas delas até hoje só extrai frivolidade, superficialidade e orgasmos forçados. Aprendera muito mais com aquelas meninas que aos olhos do mundo estavam fadadas ao canto da sala, sentadas esperando que uma aproximação masculina fosse uma oportunidade de crescimento mútuo, e não um trampolim!
Eu estava embaraçado com aquela situação, estranho para um falastrão como eu, então a primeira pergunta que me veio a cabeça era relacionado ao tipo de som que ela gostava de ouvir! Como? Fui capaz mesmo de perguntar isso logo ao sentar na mesa? É, fui... Esperei por um segundo a resposta que eu achava que estragaria minha noite, algo entre eu gosto de Calypso, ou sou eclética. Não veio, ouvi com em um tom firme e confiante, curto light rock, as vezes até um pouco de Metal pra limpar a casa.
Nessa hora, acho que o meu sorriso ficou duas vezes maior que a minha boca, primeiro por não ter ouvido uma bobagem qualquer para desviar o assunto da música, e segundo por ela realmente ter algum tipo de gosto músical. Acreditem, é raro!
Intrigante, não a imaginara até aquele momento ouvindo nada além da campainha insistente dos leitos no hospital! Surpresas pareciam fluir desesperadamente, quanto mais ela falava, mais sentia vontade perguntar, vontade de virá-la do avesso, de abrir o pote de azeitona correndo como quem tem necessidade de comer as azeitonas uma a uma até conhecer o conteúdo do pote inteiro...
Por um momento lembrei o fato de ali só servir comida oriental, como me surpreendi! Como é de costume dizer, bate firme(provavelmente tomarei uns beliscões quando ela ler). Comia deliciosamente, apreciando o peixe, e me educando melhor sobre cultura oriental... Aprendi com ela, como é bom aprender com pessoas, havia me esquecido do valor que isso tem, minha vida foi tão entregue a escrita como aprendizado que aquelas palavras sinceras me faziam experimentar algo único.
Era chegada a hora crítica do primeiro encontro, e não, não se trata do beijo roubado na soleira da porta. Mas sim de falar de relacionamentos passados, não queria lembrar de nada, mas como é um praxe estampado na cara dos meus primeiros encontros ela perguntou: - E o coração como tá? Ali foi a primeira vez que me senti tentado a esquivar dela, meio que com uma vontade de voltar pro Del, pra pracinha e o pro filme no telecine. Respondi com um olhar brincalhão: - Batendo, como sempre... Ela entendera o recado pela sua cara de descontentamento, mas como uma de suas qualidades mais irritantemente encantadoras é ser teimosa, hoje sei disso, ah como sei! Perguntou de novo: - Ninguém escapa de falar disso, pode falar, como tá?
Convite feito, reafirmado, fiz a missa completa, expliquei o que levei de aprendizado de relacionamentos anteriores, expliquei, expliquei, expliquei. Ao final do sermão ela foi capaz de me olhar nos olhos, como quem tenta descolar qualquer pedaço quebrado de tristeza dentro de vc, e puxá-lo para fora. E disse: - Passou, morre-se o relacionamento e ficam-se os indivíduos, foi assim que aprendi com a minha mãe. Só consegui afirmar com a cabeça, e admirar a estranha naturalidade com que ela falou do passado, e de términos. E pela primeira vez em toda minha vida não retribui a pergunta sobre relacionamentos a alguém, não interessava. Se pensara realmente o que foi capaz de pronunciar, queria conhece-la hoje, sua bagagem de ontem que rolasse ladeira abaixo, não fazia parte do meu caminho. Foi assim que ela me fez, quase que por inocência, dar um passo no vazio como se estivesse andando sobre concreto. Me apaixonara novamente...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Silvinha

Hoje em dia a maioria das pessoas sofre por serem rápidas demais.
Sempre estão com pressa, furando os sinais vermelhos, correndo pelas rodovias, casando antes do tempo, falando mais rápido que a língua.
O caso é que a maioria é assim, mas Silvinha é exceção.
Conheci Silvinha atravessando a rua, ela ia tão piedosamente devagar que eu a segurei pelo braço e puxei para que um carro não a atropelasse.
Como gesto de gratidão e amizade nova ela me ofereceu um café na grande avenida da cidade. Nós fomos no carro dela, que por acaso andava a 20 km/hr.
Silvinha é feliz com a vida que leva, mas contou-me que nem sempre foi tão lerda.
Houve um tempo em que Silvinha fazia tudo rapidinho: doava sangue mais rápido que ninguém, jogava dardos mais rápido do que os olhos poderiam ver, batia os dedos na mesa de forma precisa e extremamente ágil. Pode-se dizer que Silvinha era uma mulher normal e corajosa. Não tinha medo de quase nada.
Sempre que estava afim de fazer algo ia e fazia antes que qualquer um pudesse criticar ou opinar. Aliás, ela pouco se importava com críticas.
Ela não sabe ao certo o que aconteceu.
Com o tempo ela foi se cansando e foi ficando lenta, lerda, apática quase.
Não sei se se pode dizer que ela é zen ou qualquer coisa relacionada com paz. Ela só é devagar.
Fala mole e arrastado. Não tem sotaque de lugar algum - ninguém sabe de onde ela veio.
Ela jura que está solteira até hoje, na sua casa dos 60, porque com seus 20 tornou-se assim, lenta como uma lesma.
Silvinha é mulher bonita, elegante, as fotos de antigamente mostram um corpo esbelta de mulher gostosa, cheia de curvas, morena vaidosa, então diz que sempre foi simples conseguir qualquer um.
Qualquer um pra ficar, pra levar pra cama, pra rir, pra criticar... Todos sempre aceitavam os convites dela e tudo o mais. Era sempre ela quem dava o primeiro passo.
Ela quem olhava, quem paquerava, quem convidava, quem decidia, quem primeiro beijava, quem intimidava. Silvinha era porreta. Dizia que homem fácil não servia pra ela não.
Mas um dia a coragem foi embora, quando fez 21 anos ela mudou.
Talvez fosse por se achar velha demais, ou por não acreditar que alguém jamais tivesse gostado dela de verdade, o fato é que ela nunca mais foi a mesma.
Não tinha mais coragem de paquerar, levava dias para dizer 'oi', se convidada para sair era sempre 'Vou pensar', e quando com vontade de realmente sair com um cara não tinha mais a rapidez e cara de pau de antes.
Silvinha se tornou lenta. Pensava mil vezes antes de ligar, antes de fazer, antes de ir, de se vestir, de comer, de falar... Perdeu muitos pretendentes por isso.
Dizem que o pior foi o Woody. Ele era apaixonado por ela, mas só não a convidava para sair porque ficava com vergonha por ser amigo de seu irmão mais velho. Imagina! Se ela quisesse falaria com ele, até porque todos sabiam de sua reputação de apressada e corajosa, ao menos ele achava que sim. Infelizmente.
Ela também gostava dele, adorava. Ele era perfeito - tipo meio bizarro, alto, magro, de olhar baixo, esperto, um cara realmente normal, mas estranho. Ela se encantava com caras estranhos desse tipo bizarro. E vice-e-versa, bizarro estranho.
Passaram-se anos, e nada de ninguém falar com ninguém.
Ela chegava a pegar o telefone e pensar em ligar para ele, mas só de imaginar tomar um fora do amigo do irmão desistia, seria humilhante demais!
Foi assim o resto da vida. Sempre lenta e medrosa.
Foi vivendo cada vez menos. Cada vez mais devagar.
Talvez seja lentidão mesmo, talvez seja, no fundo, um medo de receber outros 'nãos' da vida.
Seja lá o que for, Silvinha é minha amiga, mas se eu sou amiga dela, não sei não... Ela ainda está pensando e analisando...

Karma

Atenção senhores leitores! Qualquer semelhança com a realidade é Mera coincidência!
Todos as personagens foram retiradas da minha mente louca.

Já reparou que a gente sempre tem um karma na vida?
Eu uso a palavras karma de maneira genérica tá, como uma sina, uma coisa que realmente sempre acontece. Mas esqueça dos significados zen sobre ter que aprender algo com isso e ser para evolução própria.
Aliás eu não entendo como certas coisas se repetem e como podem ser de nenhuma utilidade.
Veja só, minha antiga melhor amiga tinha quedas por professores.
Não era nem um fetiche. Ela sempre calhava de gostar dos professores dela.
Durante toda a vida foi uma tortura.
Tudo começou no colegial. Aquela coisa adolescente, dá até para entender aquele sentimento à flor da pele e tudo mais. O primeiro foi o André, professor de física. Na verdade ela não gostava dele não, mas ele só tinha olhos para ela.
Desde aquela época já gostava de homens mais velhos – então imagina! A sala toda se divertia com o cara que só sabia dar aulas para ela.
Eu e as outras meninas morríamos de ciúmes, tudo velado, mas morríamos. Acabou que quem quase morreu mesmo foi ele, vítima de ataque cardíaco, pressão alta, não resistiu, pediu demissão.
Devia ser a sina do primeiro ano, porque o professor que entrou para substituir também só tinha olhos para ela. Tudo bem, menina bonita, inteligente, de sorriso lindo. Ela era apaixonada pela vida em si, acho que isso era o que mais chamava a atenção... Seus olhos. Mas dane-se, que uma mulher sabe falar de outra? Devia mesmo era ser a bunda!
Foi que foi, o cara queria saber onde ela fazia aula de ginástica – onde só não! Como, quando, com quem, que horas ... (?) Confesso que eu mesma achava esse realmente bonito, mas naquela época a Marisa só tinha coração e todo o resto para o namorado dela, um tal de Raphael – essa paixão se explicava por ele ser libriano, tudo teoria dela!
No segundo colegial foi um tal de biologia. Já era competição, ela e uma Lana arranjaram briga por causa dele, o pior é que o tipo era feio que dói! Só faltava cair os dentes. Péssimo. Mas elas queriam, ambas! Ah! A Lana também era muito bonita, mas bem burra. Bem!
No ano seguinte foi o de literatura. Era um tipo que todas adoravam, se derretiam. Ele era o romântico, o barroco, o naturalista, o realista, o Romeu que toda Julieta queria. Tudo em uma peça só. Talvez fosse muita esmola, por isso Marisa deveria ter desconfiado, mas passou dois anos desejando o tal professor.
Fez cartas, recitou poemas, escreveu música, cantou serenata tudo na escada da escola. Nada. Ou talvez alguma coisa. Ele a olhava de um jeito tão especial que dava frio na espinha até em quem a acompanhava, uma energia maravilhosa.
Aquele foi a tentação da menina, ela fez de tudo por ele.
Um dia se trancou na sala dos professores, bom, dizem que não foi só uma vez. Até hoje ninguém sabe ao certo o que aconteceu, mas ela me disse que quase se beijaram.
O karma da Marisa sempre foi professor, claro.
Não importava, ela poderia ter professor de tango, de forró, de canto, de inglês, espanhol, de ginástica localizada, de musculação ou de contabilidade (matéria que repudiava), ainda assim a tentação era sempre do mesmo tamanho: imensa!
Muitas vezes Marisa resistiu, creio eu que em outras, cedeu.
Engraçado mesmo foi o dia em que ela teve só uma professora e eu perguntei o que faria, e de pronto me respondeu:
“Se não tenho professor, vai o filho mesmo! Precisa ver o dela, um tal de Prometeu!”
Creio que a estranha coincidência mostrou que ela estava era atrás de conhecimento.
Mas não importa, dizem que mesmo após anos o karma de Marisa nunca se resolveu.

domingo, 5 de setembro de 2010

Primeiro

É capaz de cegar todos os outros sentidos o prazer de relembrar aquele momento... Parece que aqueles 3 segundos me absorvem, me anestesiam, colocando em uma espécie de transe induzido pelo pensamento e não por palavras.
Como uma noite onde os sentimentos conspiram empurrando-me contra um muro, tentando macerar qualquer espécie de prazer, poderia se tornar tão suave embalada em boa música, na compania daquela a qual por anos fora somente o sorriso amarelo escondido no canto da boca.
Aquela noite não prometia, necessariamente a única promessa que me recorria a mente ao banhar-me era: Ah eu vou deixar de sentir, ah como eu queria ser de pedra. Mesmo assim resolvi ir aquele encontro, meio desajeitado, meio fora do contexto do mundo, meio absorto por escuridão da qual eu não era capaz de depurar nada de bom.
Me trocar então, foi tarefa árdua, escolher entre camisas que me remetiam ao passado, a lágrimas, a noites boas e ruins, frias e quentes. Escolher a calça que muitas vezes me lembrava embolada ao lado do colchão no chão. Fora tudo uma tortura daquelas onde somente pedindo força aos céus se é capaz de passar. Pensava comigo mesmo, talvez eu nunca tenha reparado nela por incapacidade de olhar para o lado, talvez, talvez... De alguma forma antes de pisar fora de casa o pensamento sobre a duração do encontro me vinha a mente, que fosse breve se nada de bom pudesse ser extraido, que fosse breve...
Confesso que ir assim ao primeiro encontro não é a idealização de Primeiro! Mas eu havia sido sincero sobre as minhas incapacidades e ela, em um momento que hoje me remete a lucidez, foi insana de aceitar e até felicitou-se...
Naquela tarde, ao voltar para casa procurei algo diferente, nada estranho ou bizarro, mas só diferente. Não queria romantismo, nem mesmo agitação. Sendo sincero, não queria nada, queria ficar em casa, eu e o Del, levá-lo para passear antes de dormir, limpar as suas fezes na pracinha, e mixar algum som novo... Pensei comigo mesmo novamente, coco do Del, pracinha, mixar um som novo? Não, por mais difícil que seja, vou rastejar-me para fora desse apartamento e ver pessoas...
Depois de horas de procura decidi pelo lugar, ia ser naquele sushi bar, como eu gosto de sushi iria ser ali mesmo. Na hora, talvez estafado por sempre me preocupar excessivamente com as mulheres mais enjoadas do mundo, liguei um foda-se e aceitei o fato de que eu gosto de comida japonesa, e por isso já que faria o "esforço" de sair ao menos um prazer gastronomico me daria.
Fiquei pronto em pouco mais de 20 minutos, dei o dramin para que o Del tivesse uma noite tranquila, afinal os vizinhos já vinham reclamando da gritaria diária dele antes de dormir, imagina comigo fora de casa! E o Del, por ser um filhote ainda não ficava bem sozinho... Ah o Del, outra preocupação para me torturar, alias tudo é tortura quando a gente não tá em paz com os sentimentos...
Na hora exata estava esperando por ela, no lugar exato, sentado a mesa. Confesso que achei estranho encontrá-la no local, talvez pelo cavalheirismo arraigado ao meu antiquado pensamento era de costume buscá-las em casa. Enfim, pensei, melhor assim, não precisará haver aquele silencio constrangedor no carro, quebrado por barulhos estranhos que até um surdo repara no motor do carro durante o episódio.
Ela chegou, e só o que eu consegui balbuciar foi um "Nossa" entrecortado por um suspiro com duração muito inexata de 3 segundos. Há meses não me sentia assim, senti-me um menino descobrindo a lingerie por debaixo da roupa da namorada...
Linda, ela estava linda. Como aquela beleza se escondia diariamente por detrás daquele jaleco sujo? Permaneci calado, assustado pela descoberta da mulher por detrás da profissional.
Tão calado que ela se dirigiu a mim, primeiramente com um Oi tímido que me ganhou, deixando aflorar o meu desejo de conquista...
Até aquele momento já havia valido tudo a pena, só pelo contentamento de ver aquela mulher desabrochar e se dirigir a mim já estava satisfeito!
Ah, o Del, a pracinha, a mixagem, os meus sentimentos, o mundo que me desculpassem, aquela noite era dedicada a Ela!

Canalhas...

Todos nós somos canalhas em potencial. É, cara mulher que lê esse texto, vc também é uma canalha em potencial apesar de negar com todas as forças, todos somos de fato.
A facilidade de se envolver, atualmente, gerou um desmerecimento do campo afetivo na vida do ser humano. É comum trocar de namorado, ou namorada como se troca de roupa, é comum colocar Casado no orkut pra um namoro de dois dias, é comum fazer juras de amor para aquela doida que vc conheceu na balada, é comum... Tão comum que nem chega a ser canalhice mais!
O fato éque em um relacionamento COMUM alguém sempre será canalha. Geralmente, o que gosta menos! Outro fato para vc leitora inconformada, que ainda acredita que em relacionamentos comuns os dois gostam da mesma forma, não gostam, alguém sempre gosta mais.
O mais incrível é que eu aprendi que é melhor ser aquele que gosta mais! Doido eu? Nããããão, eu explico...
Ao começar um relacionamento sempre vem aquela baita explosão de uma paixão absurda, aquela coisa melenta, piegas, que todo mundo nega a todo custo que tem, mas que no fundo sabe que tem! É depois dessa fase, que de alguma forma se estabelece a coisa mais louca no mundo, chamada amor. E ai começam os problemas, alguém sempre sente mais dessa coisa, e por isso se devota mais ao outro, se entrega mais, faz mais, sonha mais, e provavelmente terá MAIS CHANCES DE SE FUDER! Ok,ok, até ai deu pra acompanhar, né?
Quando se assume como pólo positivo de um relacionamento vc terá que tomar cuidado pra não levar na testa, literalmente! Mas não é tanto esse o problema, o problema maior está no pólo negativo, e na canalhice que esta contida dentro de cada um, e que como um urso de 300Kg é despertada ao perceber que o outro está na sua! Independente do sexo do indivíduo, ao perceber a fragilidade do outro através da devoção, é praticamente impossível não entrar em um jogo de testar limites. Testa-se o limite do parceiro inesgotávelmente, através de baladas com os amigos, sumiços, desrespeitos, orkuts e afins internetescos, além das traições de confiança e infidelidades propriamente ditas. Até que o relacionamento chega em uma encruzilhada, daquelas bem fodas, onde qualquer caminho vai doer... E existem 2 possibilidades, ou o parceiro manda tudo pra puta-que-pariu por não aguentar mais sofrer, ou vc mesmo manda ele pro inferno por não aguentar mais levar esse relacionamento sádico adiante, pq afinal testar sempre os mesmos limites perde a graça quando já se sabe que eles não existem de fato.
Após a merda feita, aquele que gostou mais, vai sofrer mais, demorar mais para se recuperar, sentir mais raiva, xingar mais, espernear mais, mas terá o bem mais precioso dentro de si: A leveza de consciência. Já o outro, garanto a vc que mesmo com as canalhices cometidas, tem pelo menos um leve resquício de consciência(salvo sociopatas, psicopatas e afins); e é ai que a tortura do intervalo post mortem do relacionamento começa pra esse indivíduo! Quando vc estiver dormindo com aquela nova gata maravilhosa, esperando ciclo da canalhice começar de novo, o outro vai estar acordado pensando: Será que ele está com alguém? Será que ele faz por alguém o que fazia por mim? Será que outra pessoa sente-se feliz com que não era suficiente para mim? Ah, mas aí meu amigo, é tarde demais para se arrepender, como diz o ditado: perdeu prayboi!
Portanto, não se iniba de gostar mais, não se iniba ser o pólo positivo, pois se alguma coisa for te guiar para frente que seja sua consciência leve, e não um fantasma de um relacionamento mal resolvido. Fale, xingue, chore, esperneie, viva o seu luto interno, mas saiba que passa! E que quando passar, vc não levará nada daquele relacionamento a não ser lembranças que te digam como vc cresceu, e tem caráter!
E o mais importante de tudo, quando vc se devotar por alguém que não te devolva canalhice, CASE! Sem pensar muito, CASE com essa pessoa...
Eu não encontrei ainda, mas acredito na minha avó, ela diz que existe. Bom, mas ela me fazia acreditar em mais um monte de coisa, até que o velhinho que vendia laranja na porta de casa era um Serial Killer...

Esclarecimentos

Caros Manolos,

A vida é muito boa, com dorgas, ou sem dorgas.
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