domingo, 26 de setembro de 2010

Gente apaixonada

Não suporto pessoas apaixonadas.
Não sério, alguém vai querer defender falando que é bonitinho, que é fofinho aquela coisa toda e tal. Mas não to nem ai. Odeio mesmo e ponto final!
As pessoas mais sensatas do planeta ficam retardadas quando estão apaixonadas.
Muitas vezes não precisam nem da paixonite, só o estar afim já é o suficiente para mexer com as atividades cerebrais tão bem estruturadas da pessoa.
Olha só uma amiga minha... Menina culta, educada, racional (!), profunda, devoradora de livros, adora jornais (tinha uma coluna em um, aliás), só ouvia música boa, tinha ótimo apetite (adorava massas), fazia academia uma hora todo dia, estudava japonês (é a sexta língua que ela fala), tocava sax, piano, baixo, violão e harpa (acho que também sabia banjo), enfim... Eu poderia passar o dia descrevendo todas as coisas que essa garota já fez.
Viajou pelo mundo, conheceu o sabor de todas as nacionalidades, mas nunca namorou ninguém. Ela mesma dizia “Se apaixonar, gostar, essas coisas de ficar afim não são comigo não, to fora!”, durante uma época repetia que ia ser freira, o único problema é que ela sempre arranjava confusão durante a missa. “Padre ladrão” ela gritava.
Só sei que sempre foi uma menina direita até o Robertinho chegar.
Menino quieto, na dele, 12 anos mais velho (“Um bebê” dizia ela), família tradicional japonesa (sim, era o professor dela na época), uma beleza – o genro que toda mãe queria!
Renata se apaixonou antes mesmo das aulas começarem, ela viu uma foto dele no jornal pendurada no mural da escola e ficou encantada. Por acaso acabou conhecendo porque seu outro professor voltou para o Japão.
Depois de algum tempo Renata passou a fazer umas coisas estranhas.
Pintou o cabelo de preto, parou de sair, só se vestia de branco, passou a ser vegetariana e só falava sobre o Robertinho.
Ela ficou toda obcecada, era ‘ele isso, ele aquilo’, ficava tentando descobrir se ele também gostava. Mas a frieza era tanta que não dava pra saber se ele correspondia.
Renata ficou alucinada depois do quarto mês sem saber o que o cara queria.
Eles eram ótimos amigos, aliás, mas quando foi por meados de maio ela pirou de vez.
Raspou o cabelo, jogou sua harpa fora, doou todos os livros, passou a comer só germinados, parou de falar e ficou lá, parecendo planta.
Ela era tão cheia de vida.
Ah! Robertinho casou com ela, sim, pediu em casamento depois de namorar alguns meses. Falou que ela era a menina certa pra ele.
Renatinha era tão vívida, e depois dizem que os apaixonados é que são repletos de alegria. Nunca mais a vi sorrir...
Renatinha agora só sabe parir filhos, dizem que o sétimo está por vir.
Hoje tenho medo de gente apaixonada. Com exceção do Adalberto, que eu não sei se está gostando ou não. Eu mesma não me apaixono, mas bem que ele poderia estar afim de mim, será que está? Odeio enrolação.
E também de que importa, eu nem gosto dele. Não gosto, não. Não... Não gosto... Não...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Solte uns gases você também...