quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Demais para mim...

Hoje resolvi almoçar no Subway... Precisava de algo diferente. Cheguei, enfrentei o balcão lotado, sentei no fundo do lugar para comer em paz. Quando olhei para o outro lado vi um mulequinho de uns 7 ou 8 anos passando de mesa em mesa pedindo provavelmente uns centavos. De longe já dava pra ver que ele não duraria muito como pedinte ali dentro, suas vestes e seu rostinho meio encardido de terra denunciavam, contavam aos olhos expectadores suas intenções ali dentro. Mesmo assim ele prosseguiu de mesa em mesa até chegar na que eu estava sentado...
- Tio, tem moeda?
- É pra comprar lanche?
- Não...
- Ué, pra que então?
- Pra comer.
- Mas comer o que?
- Ah tio, marmitex.
Eu gelei na hora pela estupidez da pergunta. Era meio óbvio que provavelmente toda a grana que ele juntaria não daria pra comprar um lanche ali...
- Mas vc tá com vontade de comer lanche?
- To. Vc vai me dar o seu, tio?
- Não, né. To comendo, fio..(risos)
- E a moeda, tem?
- Tenho, mas vem aqui...
Levantei, fui para o balcão(que dessa vez estava vazio, graças a Deus!), e ele veio me seguindo...
- Escolhe ai o que vc quer!
- Pode?
- Pode..(risos).
Nisso a mocinha do Subway fez uma cara de enjoada, mas ele pareceu não estar muito preocupado com a cara dela. Pediu o lanche com tudo que tinha direito, e uma coca. Voltei pra mesa, e não esperava por isso, mas ele veio atrás de mim, correndo com a bandeja na mão, equilibrando o lanche e a coca.
Sentei na mesa, e ele sentou na minha frente. Enquanto terminava de comer, ele tentava furar a tampa da coca com o canudo... Ajudei ele, e ele começou a comer... Ficou calado por uns 5 minutos só comendo(acho que ele usou o tempo para bolar o diálogo a seguir), olhou pra mim e disparou:
- Tio, vc é casado?
- (Risos, muitos dessa vez) Sou não...
- Vai casar?
- Um dia..
- Vai ter filho?
- Acho que sim..
- Droga...
- Droga porque?
- Ah, vc já vai ter filho...
Confesso, nessa hora o muleque fez a minha espinha gelar pela segunda vez... Infelizmente, dessa vez eu não podia consertar nada, nem pagar um lanche para aliviar a minha consciência. Sabia da minha total incapacidade, então me confortei por saber que naquele momento tinha feito o que estava ao meu alcance..
Terminei de comer com um baita nó na garganta, me despedi, e deixei ele enfrentando o lanche monstruoso.
Eu to bem longe de ser um cara bonzinho, super correto, mas de alguma forma algo me deixa tranquilo em relação a esse tipo de coisa... Sei que não posso resolver o problema do mundo, é demais para mim, mas eu não me omito dentro das minhas possibilidades de ajudar...
Não consigo ver uma criança passando fome, ou vontade de comer alguma coisa, não consigo ver um deficiente mental jogado na rua sendo quase atropelado por carros, não consigo ver alguém passando mal e ignorar, não consigo... Isso tudo também é demais para eu aceitar...

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