quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Relembrando o perdão...

A gente já nasce sabendo perdoar, perdoamos primeiramente a nossa mãe pelo medo de uma gravidez indesejável, a qual muitas culminará com a nossa existência. Perdoamos o médico pelo primeiro tapinha na bunda e por nos tirar do conforto do útero materno. Enfim, somos dotados de infindável capacidade de perdão.
Quando pequenos exercitamos essa habilidade dentro do convívio familiar, perdoamos e somos perdoados com grande frequência. Entretanto, acredito que há maior facilidade em praticá-lo devido ao lastro sanguíneo entre os envolvidos, e pela própria unidade familiar.
Como toda criança ao me deparar com o mundo percebi as diferenças. E, uma delas foi em relação ao perdão. Acho que a maior diferença entre aquilo que ocorre intra-familiar e o que ocorre externo é a necessidade. Perdoar pai, mãe, irmão, é como uma necessidade daquelas que quando não sanadas te colocam em uma angústia permanente. Fazer o mesmo por pessoas que não são partes essenciais da sua existência é mais complicado.
Já me coloquei em várias furadas na vida, com várias pessoas furadas, consegui sair de todas por mim mesmo. Não digo que nessas saídas não carreguei comigo sentimentos ruins, mas aprendi a me livrar deles. Não por esquece-los, e sim por deixar que fossem levados por perdão. Digamos que eu não sou um exemplo de herói, pois não consigo perdoar e embalar nos meus braços o agressor, mas de uma forma peculiar eu o liberto do peso que me fez carregar.
O lado bom de já ter se ferrado diversas vezes é saber sistematicamente em que fase do perdão se está. Primeiro a raiva, depois menos raiva, depois indiferença e por último, e acredito que esse seja o verdadeiro perdão, a empatia. Sentir-se apunhalado é muito mais um problema de quem sente do que de quem empunha o punhal. Tudo muito baseado na frase que diz que cada um tem os seus problemas. Portanto, aprendi a me contentar em resolver os meus.
Não acho que ser empático com quem te feriu seja colocá-lo no seio do seu convívio novamente, aliás isso é uma coisa tão sistematizada quanto perdão para mim, se me ferir intencionalmente será apenas uma vez! Enxergo isso como o meu direito de auto-preservação.
Hoje eu posso dizer que relembrei como perdoar, mas não coloco a minha cabeça a prêmio na mesma mesa onde já fizeram dela um banquete...

2 comentários:

  1. Muitooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo muito muito muito bom!
    MESMO!
    amei! verdadeiro, e concordo plenamente.
    Perdoar não é ser injusto, é saber ser justo e praticar a justiça sem o peso da culpa e do ódio.
    Ser apunhalado tem um lado, o de quem recebe.
    Quem dá muitas vezes até se esquece, ou nem vê que apunhalou.
    Por isso devemos em primeira mão perdoarmos a nós mesmos...
    E dai o resto... bom o resto vem com o tempo.
    E a prática...
    e a prática...

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  2. Perdonare è un grande esercizio di umiltà di sviluppo

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