quinta-feira, 24 de abril de 2014

Perder almas...

Outro texto que eu fiz no dia 26 de março de 2010. A vida sempre me ensinando a mesma coisa: as pessoas não se ausentam...

Durante os poucos anos de minha vida perdi pessoas, não pela morte, estas foram pouquíssimas, mas para o tempo, distância, para a vida.
Perdi amores: amantes, amigos, colegas, familiares, eu...
Perder almas é como caminhar sobre águas turvas sempre sendo acompanhado pelo reflexo daquele que um dia se conheceu.
Em meu coração todas eternamente estarão vivas, nas lembranças, brincadeiras, palavras, pensamentos, orações diárias, meditações, conversas com Deus e com anjos. Porque todo o tempo perco-me de mim e dos outros.
A vida é assim, faz-nos perder a convivência, mas nunca o amor que um dia nos uniu.
E a dor começa na ponta desta corda em que seguramos, torcendo para que um dia, em alguma terra firme, possamos nos reencontrar.
Foram muitas as chuvas que tomei, tornando minhas sombras menos visíveis. Às vezes parece-me que estou só, sem ao menos a imagem de mim mesma. Mas sinto meu sangue pulsar e Deus me dizer para continuar, pois ainda restam muitas almas pelo oceano que atravesso.
Sei que nunca deixarei de pensar naqueles que sinto ter perdido, seja por culpa minha ou do destino, cruel é ver que tudo é resultado de um destes dois.
Mas não culpo os fatores alheios, pois sei bem que cada um tem seu próprio rio por onde pisar e se banhar...
Apenas espero que os outros também possam ver meu reflexo, e que tenham dias claros para saber através dele que estou eternamente sorrindo a todos...
Aqueles filmes onde se mostra que a morte é o atravessar de águas durante uma eterna madrugada são mentirosos; atravessamos tempestades agora, para que depois possamos descansar na secura de uma farta terra.
E tenho certeza de que me encontrarei e encontrarei a todos até lá, sabendo então que nunca estive só, sendo sempre acompanhada pelo reflexo das almas viajantes que amei.
Isto eu Sei...
As pessoas não se ausentam, apenas passam a estar presentes de maneira diferente...

O Outro.

Esse texto foi feito em uma quarta-feira, 8 de julho de 2009.
A vida novamente volta a me ensinar as mesmas coisas de antes, e quantas vezes mais até aprender?
...


Por que é tão difícil permitir que o outro se vá?
Não por necessidade ou teimosia, mas por escolha, por opção ou por fatalidade...
Por que queremos que os outros sigam em frente, mas não por caminhos separados?
Se achamos que podem chegar mais longe se fizerem certas escolhas isso já não significa que estão longe, em estradas separadas da nossa?
A jornada interna de cada um nos leva para longe de nós mesmos para que um dia possamos nos encontrar no fim, na chegada, na morte derradeira, na paz final... E por que sofremos se alguém vai antes da gente se também não gostaríamos de ir antes deles?
O homem é selvagem, e por mais que não queira um dia um cavalo selvagem o levará para longe dos outros espíritos... Ama aquele que é capaz de deixar livre o próximo.
Deixar livre é poder sentir a presença do outro em nossa jornada terrena... Muitas vezes a boca não fala mais, os lábios não pronunciam, as mãos não tocam, o corpo não chama, a alma não encosta, mas isso não é deixar de amar.
Cavalos selvagens nos dragam...
Continuar caminhando é o dever de cada um e o que desejamos a todos que queremos bem.
Um dia as mãos têm que ser desatadas e os olhares têm que prestar atenção nas pedras pelo caminho, bem como nas nuvens, árvores, rostos, vento...
O mundo é tão pequeno, ao fecharmos os olhos podemos tocar o outro só ao pensar.
Mais um vez partimos e andamos em direção interna, ninguém irá nos acompanhar - nem esposa, nem amigos, nem filhos, nem pais - porque lá somente nós sabemos ver onde fica a luz, onde pisar, quando descansar.
É difícil se desapegar, é difícil saber voltar, é difícil saber partir.
É difícil saber se despedir, é difícil saber abraçar, é difícil saber reconhecer e perdoar...
É difícil porque parece que um pedaço de nós foi embora e não deixou nada para reparar aquela dor, dor que muitas vezes nos faz mancar durante uma boa parte do caminho... Mas mesmo mancos não paramos.
Anjos nos dão as mãos e nos ajudam a sonhar, ajudam-nos a encontrar o rumo de casa dentro de nossa imagem real.
Encontramos máscaras pelo caminho e pessoas andando na direção contrária.
Não adianta falar nem gritar, cada um sabe onde é chegar mais longe, e meu longe nunca será igual ao de ninguém.
Por isso que desatar laços é necessário, todos somos capazes de nadar e voar...
Eu imaginei um mundo perfeito um dia, e ele se tornou realidade - não de amigos à minha volta, mas de momentos insusbstituiveis.
Posso não ter adentrado a estrada de outros que gostaria, mas as poucas vezes que isso acontece é maravilhoso!

A travessia...

Ela sempre foi como a morte, ajudando os outros a atravessar para a terceira margem de si mesmos. Alguns a diziam psicóloga, outros, amiga dos enfermos, mas a verdade é que ela era somente uma ponte. Ela tinha consciência de que ninguém ficava, e por mais que quisesse, alguns pulavam na água ou iam pra margem errada, mas seguiam sua corrente - o fluxo de suas próprias lágrimas. É somente no sofrimento que se cresce, mas e quem guiaria o barco dela? Menina à deriva, perdida em seu oceano desconexo. Era tão fácil ajudar na vida, mas e ela, quem a ajudaria com suas margens, águas e prantos? Se sentia mesmo muito só naquele Universo. Pensava em voltar para casa, mas seu cosmos era muito mais longe do que se media...

quarta-feira, 12 de março de 2014

.....

- Olha para o céu...
- Hum, a lua?
- Sim, dá para ver apesar de nublado, lembrei de você e sinto muito a sua falta. Falta 1 mês para o seu aniversário, e eu ainda planejo as coisas como se fosse te ver no dia.
- Boas lembranças... mas sem nostalgia!
- Você sempre me disse que as vezes pessoas boas fazem coisas ruins, as vezes fico tentando entender porque esse benefício nunca me foi dado...
- Se não tivesse sido dado não estaria agora falando com você.
- Talvez, só não entendo como a gente não está junto! agora daria tudo certo...
- Tem coisas que são para ser, outras não, e tem aquelas que tem o momento certo para acontecer.
- Eu tenho medo de perder o momento...
- Isso se chama destino, se perdermos o momento é porque deveria ser assim.
- Para de falar assim, eu fico realmente mal... fica complicado te ver, e não te ter próximo, entende isso de uma vez por todas...
- Eu entendo, e é por isso que me mantenho afastado.
- E eu espero o dia que você resolva se reaproximar...
- Um dia... até lá vou olhar a lua. boa noite, durma com Deus. te cuida...
- Até lá vou olhar também. boa noite, cabeça dura!