quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Morte...

Eu tenho uma amiga que não gosta da morte.
Não é que ela não goste por evitar, mas ela encanou que eu sempre escrevo matando as pessoas.
Mas eu sou uma escritora psicopata, o que posso fazer?
Minha natureza grita: Mata!
E eu mato... Uma por uma no final dos meus contos e crônicas.
Nunca me foi um problema matar, até ontem.
Eu tava indo dormir quando ouvi uma voz me chamando, fiquei meio atordoada.
Minha casa é grande, então dá aquela sensação de “caça fantasmas” ao andar de noite. Mas fazer o quê? Respondi “Que foi?”.
E não é que a Aninha veio reclamar que ela sempre odiou carro, queria que eu reescrevesse a crônica.
Quando eu acendi a luz foi uma surpresa, todos eles estavam no meu quarto.
Começou uma barulheira! Foi uma gritaria do inferno! Pior que loira do banheiro em mansão abandonada! Fiquei puta e desconfiada.
Logo a professorinha (que foi a primeira que eu matei) começou a querer colocar ordem na casa, fila daqui, fila de lá... Cada um tinha uma reclamação a fazer acerca de sua morte.
Ela achava ridículo uma garotinha matá-la mesmo que metaforicamente.
A Karem só gemia, senhora de idade, nem conseguia falar.
A Laura falava que tinha que ter morrido com um homem ao seu lado, que mulher de verdade é amada até a morte... Que ironia! Eu que pensava que ela nem acreditava no amor e que nem sabia o que era amar. Não pra sempre....
O marido da maleta só sabia gritar que queria a vida de volta. Que quem tem 3 amantes não morre, revigora, ressuscita, renasce, mas não vai embora nem ferrando!
O senhor e a senhora da feijoada só sabiam argumentar entre si sobre o fato dela estar muito livre e renovada, se achando uma mocinha. Claro que ela culpava ele pelos anos de uma suposta prisão domiciliar. Depois disso ele começou a gritar: “Assassina! Assassina! Eu é que deveria te matar!”
A Aline disse que jamais poderia ser desmaterializada. Onde já se viu? Virar pedaço do mar...
O chefe, bom, esse eu arranquei as cordas vocais para nunca mais ter que ouvir.
Os amigos da Soninha corriam em volta de mim e brincavam de pique-esconde.
A Milânea só sabia resmungar sobre sua depressão.
Heloisa continuava a orar, mas ainda estava entre o céu e a terra.
O Vital xingava a mim e a todos repetindo que queria fumar.
Foi um Deus nos acuda, e eu fiquei parada olhando aquela cena espetacular.
Matei todos eles num só golpe de digitação, e agora queriam se rebelar.

Eu não dormi tentando convencer cada um do seu propósito, mas foi difícil convencer.
Eles juraram que voltam essa noite.
E que vão voltar até eu arrumar os textos ou eu mesma me matar.

Moral da história: nunca mate tuas personalidades múltiplas nem teus amigos imaginários, eles voltam para te buscar e te deixar mais louco ainda!

*Crônica feita especialmente à minha amiga Jéssica Corrêa!

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