domingo, 3 de outubro de 2010

Reencontro

O menino acordara em uma sala de tijolos com o chão de terra batida. Teria de cavar para conseguir se colocar fora dali, mas como faria isso quando perdera toda sua resiliência? Colocar a venda parte de si em busca de Amor nem sempre é bom negócio, ainda mais quando se tem o suficiente para viver. Arriscar é destinado a quem possui pouco, a quem levaria vantagem ao viver pelo outro.
Suas mãos tocaram a terra, e foram pela primeira vez em muito tempo manchadas de vermelho. Não o vermelho carreado por pecados, e sim o banhado de esforço. Sentiu-se pulsando nas mãos, como se a terra entrasse em contato com o seu ser mais íntimo, tornando-o parte do desejo de sair dali, de se libertar de uma prisão imposta pela própria mente.
Cavou, por dias e noites, acompanhou-se colocar dentro de um buraco cada vez mais fundo, onde já nem era possível enxergar a sala que uma vez o rodeara. O suor de suas têmporas amaciava a terra para permitir o trabalho duro das mãos, não importava mais o quão fundo estava... Sua vontade de sair agora era maior...
Ao sentir-se cavando rumo a superfície não necessitava mais nem da terra macia para cavar, era só vontade, somente gana por libertar-se, suas unhas já totalmente tomadas pelo barro vermelho não pediam mais que as mãos cessassem o movimento.
A terra acima de seus dedos cedeu espaço ao vácuo. Fora o primeiro dedo fora da terra, seguido pelos demais. Fora a mão, o braço, o tronco, e por fim as pernas. Ao colocar-se em pé estava livre, suas mãos pulsantes de dor e orgulho haviam devolvido sua resiliência antes perdida.Reencontrou-se completo novamente...

Um comentário:

  1. Poético também??? Tá me saindo melhor q encomenda. Adoro vc homem mais chato do mundo. Hihihi

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