quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Guerreiro

Empunhar o conhecimento é uma arma letal...
Poderá te matar pela presunção, pela responsabilidade, ou ainda por enxergar além.
Como um guerreiro acordei pisando com pés firmes no chão, marchei para o banheiro, e me olhei no espelho. Aquele dia seria o começo de uma jornada que mudaria o destino tão sonhado, levaria tudo a um grau diferente de irracionalidade através da tentativa de organizar uma chuva de pensamentos meio soltos... Seria a primeira vez em que enfrentaria as consequencias dos meus últimos anos vividos, agora era hora de quebrar tudo, desmoronar os medos, acabar com as meias palavras, e as inseguranças para tomar condutas.
Alias, condutas? O quanto são pesadas na vida, ainda mais quando envolvem a vida alheia, seja ela no sentido figurativo de destino, ou ainda no sentido real de sobrevivencia do outro... Não importa, terei segurança para tomá-las, mesmo que me custem caro, mesmo que me subtraiam, mesmo que não sejam as mais corretas.
Repousei o olhar sobre a pia, molhei o rosto, a expressão agora estava firme como pedra. Não era medo, era segurança, era pura sensação de ter feito o melhor.
Vesti a roupa, coloquei o jaleco no ombro, olhei para o estetoscópio ao levá-lo gentilmente ao redor do pescoço. Senti-me paramentado...
Ao passar o trinco na porta, soube que ao voltar tudo seria diferente. Não importava como, seria... O mundo que deixei para trás, a vida abdicada, os sorrisos emprestados, e tudo aquilo que deixei de viver foi somente para me armar. Me armei de conhecimento, agora estaria pela primeira vez entrando em uma guerra com aquilo que um dia pareceu muito, mas que agora era inconclusivamente mediano.
Olhei para o velho professor, aquele que me designaria a tarefa, e senti paz.
Afinal, empunhava uma arma letal que só poderia ferir a mim mesmo...

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