sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Odeio boate!

Eu odeio boate!
Não é por nada, mas como as pessoas não se cansam de dançar durante horas do mesmo jeito, no mesmo lugar, como se estivessem em transe?
De fato devem estar hipnotizadas.
O mais gozado é que ainda assim quando estamos com certa idade pensamos 'Tá na hora de ir pra balada, aproveitar a vida, afinal é o que todo mundo fala!', ai você se arruma todo, se perfuma - não sei pra quê se vai suar que nem o cão. Aliás, essa é outra coisa que me perturba terrivelmente.
Ou as pessoas estão fedendo por causa de algum perfume que passam em excesso pra parecer que não suam, ou se esquecem de passar qualquer coisa que seja e fedem mais ainda. Terrível, não entendo, ninguém sabe passar só um anti-transpirante?
Aí depois de algumas horas se arrumando e se convencendo de que a festa vai ser ótima, que você vai conhecer muita gente, muitas gatinhas vão te dar bola e você vai poder escolher a mais gostosa pra ficar, você se olha no espelho e pensa 'Tô maneiro!'.
Tá tudo ótimo, carro com tanque cheio, hora de passar na casa dos amigos ou encontrá-los direto na porta da balada.
Primeiro terror é estacionar, ou você pára longe pra caramba e anda quilômetros ou paga caro pra deixar perto, tanto faz, isso de um jeito ou de outro vai te encher o saco.
Segundo terror: entrar na balada. Você chega conversando com a galera e fica esperando horas na fila, pacientemente. Isso sem falar nos dias em que faz frio pra caramba e você Não leva casaco porque não quer ficar segurando nada enquanto dança até derreter, ou nos dias em que chove e você pensa 'Ferrou!' a balada acabou de acabar. Mas vamos manter o espírito feliz e imaginar um dia quente de céu estrelado...
Também vamos ignorar aquelas pessoas totalmente sem noção que estão bem atrás de você gritando e bebendo antes de entrar, aquelas que estão só falando sobre beber até vomitar, aquelas que já estão vomitando... Enfim.
Algumas horas depois... Já dentro da boate, você repara que as pessoas dançam durante horas do mesmo jeito, cada um literalmente dentro do seu quadrado - sim, porque parece que cada um tem um espaço próprio onde faz passinhos decorados pra lá e pra cá na maior loucura!
No banheiro, aqueles da fila estão vomitando como disseram que iam fazer.
Até este ponto você já pensou mil vezes 'O que estou fazendo aqui???', mas cada vez que fala sobre ir embora seus amigos insistem para você ficar. Então você vai ficando...
Aí repara que nenhuma menina vale à pena, elas estão tão bêbadas quanto o resto e você está sóbrio demais para encarar qualquer uma delas. E já cansado daquela cena de vários loucos você resolve encostar e descansar num cantinho. Pra quê!
Você vai bem pro escuro e pensa 'Uffa, aqui não tem ninguém', que engano!
Bem na hora em que reclina pra achar a parede percebe que alguém te empurra. 'Mas como assim?' e ai você se toca: tem duas pessoas atrás da cortina fazendo qualquer coisa que você não quer saber nem imaginar.
Tarde demais, o cara meio tonto sai e te acusa de ter passado a mão na bunda da ‘mina’ dele, aquela que está arrumando a roupa enquanto você se encolhe todo. 'Ferrou! Por que não fui embora?' você pensa.
Aí conversa vai e vem tentando convencer o cara bêbado de que você não queria a menina dele, mas é inútil, aquela música insuportável toca alto demais.
Pronto, você acaba de levar um soco na cara!
Tudo gira, é a única hora em que você se sente realmente igual aos outros que estão lá - loucos, quase caindo, vendo tudo girar, com estômago embrulhado... Todos os sintomas dos baladeiros.
Como a balada termina?...
Bom, eu devo ter levado mais alguns socos ou ponta pés, minha barriga dói.
Meus amigos estão no mesmo quarto que eu tomando soro na veia.
O pior é isso, saber que ainda no final das contas eu que vou ser o único sóbrio pra levá-los embora.
A enfermeira entra e pergunta se eu estou bem, e apesar de toda a dor que sinto, mal conseguindo falar, ainda assim consigo balbuciar no ouvido dela:
"Odeio boate! Odeio..."

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