sábado, 28 de agosto de 2010

Mirage

Minha mãe sempre falava: "Quem vai pra terapia é louco.".
Hoje, pela primeira vez, digo: Sou louco, tudo culpa das minhas ex-namoradas!
Tudo começou com a Mirage.
Aquela coisa, balada meia boca no Bola Sete, me arrumei daquele jeito mais ou menos só pra garantir uma menina sem bigode, perfume barato no pescoço e aquelas três balas de menta no bolso.
É claro que quando a gente vê uma menina bonita que nem aquela no meio das outras pensa 'Só pode ser ilusão.'. Bom, como o próprio nome sugere, Mirage era muito boa pra ser verdade.
Joguei aquele papo, enchi de elogios, também linda daquele jeito era só o que restava fazer. Sabe como é, minhas qualidades não são muitas... Quase 30, barriguinha de chopp, serviço desinteressante, comentar de mim pra quê?
Mirage era quase perfeita: melhor aluna da faculdade, antiga miss da nossa cidade, cabelo loiro de salão, unhas sempre bem cuidadas, roupas então nem se fale - só de marcas, impecavelmente passadas.
Quase pirei quando me convidou pra ir na casa dela. Era pra eu ver um Book que ela tinha feito como modelo, mas também era a desculpa ideal para conquistar a gata naquele dia.
Cheguei a pensar que fosse rolar algo a mais, mas nada, tudo que fizemos foi sentar no sofá e ver fotos, intermináveis fotos dela.
Sempre achei meio estranha aquela mania de sempre ficar por baixo se olhando no espelho do teto. Tudo bem que há quem goste de olhar, mas tanto assim?
A nossa relação se resumia a ela. E também o que eu poderia oferecer?
Problema mesmo foi quando ela bateu o carro. Adivinha por quê? Tava se olhando no retrovisor.
Por causa da batida, inventou que precisava de um silicone novo e uma plástica na cara. E quem ia pagar? Eu.
Pagar mesmo não paguei, me endividei.
Falei pra ela ir trabalhar, mas não queria não, ia 'cansar a beleza dela'.
Cúmulo foi ela me trocar por outro. Alegação? Eu não a enxergava mais.
A falta de elogios havia se tornado um tormento.
Agora ela dizia que eu era burro, um verdadeiro inculto.
Como pode, depois de tudo o que fiz por ela?
Mas como meu médico me disse, o problema não era eu, mas sim o transtorno de personalidade narcisista dela.

Lê & Du

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