segunda-feira, 2 de julho de 2012

Amnésia


Com o tempo tudo vai sendo esquecido.
Imagens vão sendo apagadas, fotos vão deixando de ser tiradas, tudo vai esvaecendo...
Os jardins um dia não mais florirão e as flores perderão os cheiros. Quando todos se esquecerem de ouvir, não irá haver nem mesmo silêncio.
E não mais repararão nas folhas que caem, nem nos amores que se apaixonam todos os dias.
Um dia, quando tudo se esquecer de ser... Os homens já não mais são.
Lucidez embriagada não terá vertigem, e as drogas não trarão conforto. As fugas serão ruas sem saída.
Com o tempo tudo vai sendo apagado, feito neve que desbota o chão. Vai acumulando esquecimentos, que feitos cimento, encobrem toda a memória, aliviam o peito.
É como tiro certeiro, um buraco, vácuo, sem trajetória. Importa só o vazio e o desterro.
Com o tempo vai-se deletando tudo o que não importa, e o que importa também.
Vai sendo tudo meio labirintesco, e vai-se também perdendo o medo, vomita-se sangue, mas o importante é sorrir.
Solidão que não larga de mim, que não larga de ti, que não larga de nós. Um dia da solidão se despedirão, porque nem a ela se agarrarão mais.
E a saudade... que saudade? Está tudo quieto, é um começo.
Atravesso a rua, paro no meio... Vem lá no fundo um carro veloz.



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