sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dores e Resiliência

Eu sempre falo sobre os males dos outros, suas dores, pessoas cicatrizadas, pessoas feridas, abertas ou fechadas feito ostras que choram suas lágrimas para dentro.
Por mais que eu tenha conhecido seres tão machucados, a resiliência é sempre o que me surpreende. Surpreende ela em mim e nos outros, essa nossa capacidade, em alguns, inata ou desenvolvida de vencer, de superar, de se cortar em obstáculos, porém jamais abrir mão da vida. É realmente impressionante!
Esses dias conheci outra alma extremamente machucada, suas feridas são imensamente incontáveis e indescritíveis, tão indescritíveis que não poderei citar nada aqui.
O complicado é ver e tentar compreender como alguém com tamanhos buracos no espírito consegue se manter de pé após tantos anos, como consegue superar períodos de quase morte (literalmente), de solidão, de afastamento, de corrompimento, de abstração.
Superar deveria ser do ser humano, porém algumas pessoas não têm essa capacidade, permanecem imóveis, num contentamento descontente de si mesmas, da vida que levam, do futuro que chegou, do não reconhecimento merecido, da falta de família, da falta em geral. Essas que continuam de pé feito plantas, vegetando uma semi-vida, uma vontade partida de se tornar algo melhor para uma sociedade que dificilmente irá reconhecer alguma coisa disso. Parafraseando Raul Seixas: são pedras que choram sozinhas no mesmo lugar.
Essa pessoa que eu conheci não é uma planta nem pedra, é gente – é humana – é real – é vívida.
Sua história é de dar inveja até em mim, que sempre me considerei cheia delas, e suas mudanças, superações são ainda mais incríveis.
O que faz alguém crescer independente do que aconteça?
Força de vontade? Autoestima? Fé? Autoconfiança? Eu não sei, mas poderia ser resumido na palavra resiliência ou sinônimo disto.
Vencer e continuar batalhando não é para qualquer um.
Ainda não se sabe muito sobre essa tal Resiliência, semanticamente expressada como sendo a “Capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”, mas eu poderia inventar um novo conceito baseado no que já vi. Para mim isto não é nada mais do que capacidade de encantamento.
Encantamento com o mundo, apesar dos males; encantamento com a vida, apesar de tanta gente ruim; encantamento com Deus, apesar de muitos O deturparem; encantamento consigo, apesar de todos os erros que já tenha cometido.
Conseguir fazer emergir uma visão absolutamente mágica sobre tudo o que nos cerca, uma imagem quase poética de todos os acontecimentos. É exatamente isto o que motiva e eleva o espírito a momentos melhores. Capacidade de ser aquilo que se quer e conseguir aquilo que se almeja, isso para mim é tudo em uma pessoa.
Alguns dizem que certas histórias podem ser más companhias, mas eu tenho certeza de que não são, porque essas pessoas são aquelas que nos ensinam o outro lado da vida, são seres bons que apesar de todas as mortes têm a habilidade mais incrível do mundo: saber viver.

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