quarta-feira, 27 de abril de 2011

Denúncia

Dilemas éticos, morais quanto a uma amizade, um romance, um gostar e a coisa supostamente certa a se fazer.
O tempo todo julgamos as pessoas que não conhecemos, mas e quando temos que julgar um amigo?
Uma das coisas mais pesadas que se deve fazer é isso, crucificar o próprio companheiro em pró de uma sociedade doente que nem mesmo sabe fazer justiça.
Certa vez, há muito tempo, eu tive um amigo, muito amigo, que ficava com uma menina de 12 anos. Ele tinha 18 na época.
Eu sempre soube, desde então, que ele poderia ser denunciado por estupro, até porque foi ele mesmo quem tirou a virgindade da namorada.
Ele também sabia que era "errado", mas ela não tinha cara nem cabeça de 12 anos, ela provocava, forçava, eu via!
Então todos que sabiam se calaram, achavam graça, bonitinho, e ninguém jamais denunciou.
Eu não denunciei, nem a família dela (que aliás sabia de tudo), mas sempre fica aquele eco sobre o que era "certo" a se fazer.
Depois livrei um outro cara da prisão. Não convém dizer os porquês, eu só não achava que valeria a pena processar alguém e acabar com uma carreira, manchar uma vida inteira.
É muito complicado.
Tenho um amigo, muito amigo, que teve que "julgar" o próprio amigo, ele disse que ele era um fardo para o grupo, que os colocava em perigo e por isso era necessária a sua "crucificação".
E o crucificaram.
Ele me disse que a coisa mais difícil de tudo foi isto, ter que julgar um amigo e condená-lo "à forca", mesmo com a pessoa pedindo e perguntando se havia como evitar tudo aquilo.
Mas e quando não crucificamos, e quando a amizade faz com que você veja um outro lado da pessoa, das coisas, do mundo, não justificável, mas compreensível? Foi errado eu não ter denunciado tantas pessoas que conheci e outras que ainda conheço?
Qual o meu verdadeiro dever?
Ética - a minha ética de quem sabe que não é a coisa mais sábia a se fazer.
A moral - corrompida em si mesma pela maioria não denunciar nem mesmo as podridões do governo, a moral desregrada e invertida. Se fosse moralmente correto denunciar, estaria eu sendo imoral, mas ética?
Qual o preço que se paga? Sempre me questionei isto.
Não estou apta a julgar ninguém, mas quando você se vê ao lado de alguém que realmente infringiu as leis da forma mais grave possível é como se houvesse um distanciamento repentino, uma compreensão antes esquecida.
Quais as consequências do nosso julgamento?
Quais as consequências do nosso perdão?
Quais as consequências para aquele que não é pego?
Quais as consequências para mim que sempre fui uma cumplice?

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