terça-feira, 12 de abril de 2011

Aos 23

Nunca fui muito fã de aniversários, é claro que gosto de paparicação advinda deles, mas não sou do tipo que se ressente por não ter uma festa, ou por receber uma ligação somente no dia seguinte. Hoje, pela primeira vez, depois de todo esse tempo sinto como se essa data fosse realmente importante.
É fato que a vida empurra a gente para as situações mais inusitadas, mas esse ano acho que como nunca eu me superei... Aprendi muito, errando, finalmente acertando, e por mais que sentisse o chão cada vez mais próximo da cabeça, permaneci sobre mim...
Aos 22 aprendi que a minha maior fraqueza mora dentro de mim, o meu orgulho, e que ao lado dele mora também a minha maior virtude, a minha resiliencia. Sabendo disso, talvez, e somente talvez, consegui lidar com tudo aquilo que fosse proveniente de orgulho ferido, me tornando mais forte, e mais maduro cada vez que o sol que se colocava abaixo dos pés de um dia cansado...
Aos 22 aprendi que a maior alegria e a maior tristeza de se trabalhar com pessoas andam de mãos atadas. Que sentar de frente com alguém que não se conhece, e ouvir suas aflições te leva quase a loucura, coloca não somente o peso do seu próprio mundo nas costas, mas inflige um peso extra pelo mundo dos outros. Embora, somente dessa forma, aquele abraço recebido no pós consulta e o sorriso de quem leva aquela receita como esperança na forma de papel, fará te sentir melhor pelas tristezas do mundo afora.
Aos 22 aprendi que existem pessoas muito boas no mundo, mas também existe gente genuinamente ruim. Fui capaz de ver o quanto a bondade e o altruísmo genuíno são fontes de amor puro, e fazem com que a vida de todos ao redor seja afetada. Consegui entender que gente boa algumas vezes faz coisas ruins, mas que de gente ruim não devemos esperar nada além de coisas ruins. É a vida, e o bem e o mal nem sempre coexistem dentro de todos nós, não em todos nós. Sociopatias e psicopatias existem de fato, e que as pessoas mais inofensivas podem guardar dentro de si uma besta capaz de manipular indiscriminadamente as pessoas ao redor...
Aos 22 aprendi que tudo tem uma causa, não importa o quanto tempo demore para que se possa entender ela estará lá te esperando. E a causalidade das coisas serve tanto para o passado quanto para o futuro, tudo que passou teve um porquê anterior, assim como tudo que virá é devido ao dia de hoje.
Aos 22 aprendi que Amor não morre de morte matada, e que tão diferentemente da maneira como morre nasce de parto normal. Amor morre por negligência, é abandonado e ali fica exposto ao tempo e a  suas provações, morre de abandono. E após o fim de um, outro nascerá inevitavelmente, de forma natural, sem cortar a barriga, sem machucados, e pronto para ser cultivado, pois se tem algo que eu aprendi a acreditar é que o ser humano é fonte inesgotável de amor inesgotável...
Aos 22 aprendi que eu adoro lidar com pessoas, e que algumas pessoas são essenciais na minha vida. Alguns amigos permanecem apesar do tempo, apesar das minhas eventuais sumidas, e ali estão sólidos como nunca. E podem se passar anos, mas ao se ver parece que a ultima conversa foi ontem, e que o adeus nunca existiu...
Aos 22 aprendi que se família não é tudo, é pelo menos um bom começo para a felicidade. Pude constatar o quanto sou abençoado pela presença dessas pessoas que nunca me abandonaram, e me apoiam, cada um a sua forma, e sempre estão prontos a servirem de muralhas até mesmo nas piores guerras. E, que a primeira coisa que desestrutura o ser humano é a ausência dessa referencia familiar sólida...
Aos 22 aprendi que apesar de existirem várias pessoas que querem o meu melhor, a única criatura capaz de me prover uma lealdade absoluta é o meu cão. E que essa forma de amor cego, só é possível quando se tem um animal, e se faz dele uma extensão de si mesmo, tentando ser sempre o melhor de si mesmo para ele.
Se há alguma certeza que eu possa ter hoje aos 23 é a de que a incerteza de tudo me faz acordar a cada dia esperando a próxima bênção, e que tudo a partir daqui é construído sobre os 22...

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