quarta-feira, 9 de março de 2011

Quem não aprende pelo amor...

Se tem algo que eu aprendi na vida é que na esmagadora maioria das vezes meus pais estão certos ao opinarem sobre o que eu tenho de fazer, ou não. Embora, isso de maneira alguma configure a totalidade das minhas atitudes, tento pautá-las a medida que ouço o que os anos de experiência e o amor deles tem a me dizer.
É claro que aprendi isso com o tempo, aos 15 se meu pai dissesse para ir as aulas de inglês eu provavelmente dormiria a tarde toda no sofá. Era como se qualquer palavra dita virasse um letreiro luminoso com o oposto na minha cabeça, e não adiantava explicações ou ainda discussões homéricas sobre o assunto, eu sempre queria fazer o contrário.
Minha teimosia me rendeu alguns tropeções, e o mais incrível era o pensamento que me acompanhava em casa um deles. Aquele pensamento chato, do tipo que ecoa na cabeça, irritante, e que termina sempre com aquela frase "eles me avisaram". Pois é, a experiência é capaz de trazer a possibilidade antever algumas coisas, e quando alguém realmente se importa com o outro deve-se falar o que está por vir. Amar alguém também dá a inconveniente tarefa de alertar e zelar pelos passos a serem dados.
Algumas pessoas nunca estiveram no lugar de quem zela, por não amarem, ou por não se importarem com alguém a ponto de se indispor ao falar o contrário daquilo que o outro espera escutar. É com essas pessoas que talvez viva a maior incapacidade de ouvir e assimilar o que é dito. A cada palavra o ego de quem ouve sente-se agulhado, faz um estrago tão grande, que azeda a relação, deteriora o amor, transforma a amizade em agressão. Não se entende que ao aconselhar espera-se o bem, e que apontar a possibilidade de errar é muito mais nobre que apontar os erros.
E foi assim que eu aprendi. Ao lembrar dos meus pais apontando o futuro, eu sempre me perguntava se algum dia eles iriam apontar para mim quando eu estivesse machucado por não ter escutado. Esperei esse julgamento da parte deles durante muito tempo, mas ele nunca chegou. E, ao olhar para trás percebi que o meu sofrimento fora punição suficiente pelos meus atos, não havia necessidade de sofrimento adicional.
A vida é engraçada, inúmeras vezes gozei do meu pai enquanto ele me dizia certas coisas, hoje tomo emprestada uma frase que ele vive a repetir: "Quem não aprende pelo amor, aprende pela dor."

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